Entrevista com Ana Saldanha - Escritora

Clube de Matemática da spm

Entrevista com Ana Saldanha - Escritora






A entrevistada de abril é a escritora Ana Saldanha. Nasceu na cidade do Porto e cedo percebeu as linhas que queria escrever para o futuro. Com parágrafos bem definidos, esta entrevista leva-nos à história real da sua vida, onde a matemática fez parte com episódios descritos numa redação isenta de erros. Sem reticências tem a palavra Ana Saldanha...


Que leitura faz da sua infância...
Atenta — nos meus livros arejo a casa da infância (a minha e a dos outros).

Com 10 anos de idade contava melhor histórias ou números? 
Contava histórias cheias de peripécias a mim própria para adormecer e fazia contas de cabeça: quantos dias faltavam para as férias, quantos livros e chocolates poderia comprar com o dinheiro que me davam...


A matemática na escola foi que tipo de narrativa? 
Uma aventura... Tinha boas notas a Matemática, mas não sabia bem como as conseguia; era um mistério.

Um momento que a matemática tenha sido personagem principal...
Nas chamadas ao quadro na aula de Matemática, os números eram protagonistas com nomes intrigantes (Racional; Quebrado; Primo...) e envolviam-se em situações complicadas nem sempre com um final feliz.

A paixão pela escrita começou em que momento da sua vida?
Ao mesmo tempo que a paixão pela leitura: cedo. Mas como não me atrevia a escrever para os outros, a não ser redações para a professora e cartas à avó, não escrevia nada no papel, só na minha cabeça.

Os seus livros fazem parte integrante no desenvolvimento da Língua Portuguesa nas escolas, como é o caso da obra “uma questão de cor”. Como define essa responsabilidade? 
Os usos que são dados aos meus livros não são da minha responsabilidade. Só posso esperar que a sua leitura não prejudique nem mace ninguém. 

 


No livro “uma questão de cor” a matemática e as equações são mencionadas de uma forma muito cuidada? Qual a importância deste destaque?
Não, realmente não. São um pretexto para arejar uma das ideias feitas sobre os medos e as preferências dos mais novos.

Atualmente é escritora e tradutora. O ensino foi alguma vez uma possibilidade profissional?
Fui professora do ensino secundário durante alguns anos, leitora de Português em duas universidades do Reino Unido e professora de Inglês no ISCAP. Há treze anos que deixei de dar aulas.

A palavra “matemática” é “aguda”, “grave” ou “exdrúxula”? Porquê?
É esdrúxula e polissilábica. E também esbranquiçada (“sofro” de sinestesia: vejo cor nas letras e nas palavras).

A frase “eu estudo matemática logo sou bom aluno”. Como se escreve esta frase no conjuntivo pretérito mais-que-perfeito composto?
Se eu tivesse sido uma aluna mais atenta saberia responder...No Indicativo, parece-me um raciocínio provado com toda a lógica.

O novo acordo ortográfico  é um problema com que solução? 
Não é um problema, é uma atualização ortográfica mais ou menos bem feita. Eu ainda não interiorizei as novas regras — os programas de computador permitem-me essa preguiça.

Um comentário: O matemático Pitágoras referiu que “a Matemática é o alfabeto que Deus usou para descrever o universo”.
Ou seja, tudo se pode explicar através da Matemática? Hum... E as palavras? É que no princípio era o Verbo.


Por Carlos Marinho
Publicado/editado: 01/04/2013