Linhas e Pontos por Carlos Marinho

Eixos de Opinião dezembro 2013



 

Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.     

   

Carlos Marinho -  Professor de Matemática       



 

Artigo de dezembro de 2013        

 

Título: De Escadas ou por Elevador...


"A matemática é como uma escada", onde cada degrau é fundamental para o degrau seguinte. Ouvimos de vez em quando esta frase. Eu prefiro pensar noutra metáfora. Penso que a matemática é como subir ou descer de elevador. Esta imagem é menos cansativa e mais célere do que pode ser aprender matemática. Estando no rés-do chão, não podemos chegar ao quinto piso sem passar pelos, 1º, 2º, 3º e 4º pisos, obrigatoriamente. Após dentro desta caixa mágica, não podemos sair sem chegar ao piso escolhido. Cada um de nós, pode fazer uma escolha. Chegar ao topo do edifício. Será que podemos chegar ao topo da matemática? Podem dizer, mas a imagem das escadas é mais forte, porque transmite esforço e dedicação em chegar ao cimo. Mas tem um problema. Se eu parar num degrau, tenho duas opções, ou desço ou subo. No elevador tenho a opção de sair quando quero. Em pisos intermédios. Na matemática, uma criança que aprenda um conteúdo, esse saber, tem garantia vitalícia. Fica para o resto da vida. Não desaparece, não desce nunca a escada. Por isso, é conveniente subir o mais possível, com os conteúdos consolidados. 

Imaginem que querem subir o "Burj Khalifa", no Dubai pelas escadas. Querem? Eu não!

O Burj Khalifa é um arranha-céu localizado no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Este bólide de engenharia financeira e matemática, é o maior edifício já construído pelo homem, com 828 metros de altura. A sua construção começou em 21 de Setembro de 2004 e foi inaugurado no dia 4 de janeiro de 2010. O orçamento total do projeto do Burj Khalifa foi de 1,5 biliões de dólares. Mohamed Ali Alabbar, o presidente da Emaar Propertiers discursou no 8º Congresso Mundial do Council on Tall Buildings and Urban Habitat, referiu que o preço do metro quadrado de um escritório pode custar a módica quantia 43 000 dólares (31 667 euros por m2), imaginem um escritório com 50 m2, pode custar cerca de 1 583 350 euros. Coisa pouca.

Outros números, o aço necessário para construir o Burj Khalifa, daria para fazer uma impressionante estrada percorrendo 1/4 da circunferência terrestre, percorrendo a distância dos Estados Unidos ao Oriente Médio. A quantidade de energia eléctrica necessária é equivalente ao gasto de 500 000 lâmpadas de 100 watts ao mesmo tempo. Necessita de 1 000 000 litros de água por dia. Ao preço da luz e da água em Portugal o Burj Khalifa tinha os dias contados... A partir do topo do edifício, é possível avistar-se países vizinhos longínquos dos Emirados Árabes Unidos, como o Irão e Omã. Bem, quando se estuda matemática, nunca atingimos o topo do edifício, mas quem trabalha, chega a ver, muitas vezes com clareza o rés-do-chão do edifício...de um Burj Khalifa qualquer.

Uma frase atribuída a Isaac Newton pode ficar bem neste texto, “o que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”.

Por escada ou por elevador, cada um decide o seu caminho...




Publicado/editado: 09/12/2013