Paulo Morais - Entrevistado do Clube SPM em janeiro 2014

Paulo Morais - Clube SPM Entrevista

Paulo Morais - Entrevistado do Clube SPM em janeiro de 2014

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Paulo Morais é o entrevistado do clube spm em janeiro de 2014. Vice-Presidente da Associação Cívica de Transparência e Integridade, o ex-Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto tem como formação base, a matemática. Versátil em diversas áreas, Paulo Morais é professor auxiliar da Universidade Lusófona e investigador na Faculdade de Engenharia. Frontal, dinâmico, congruente nas suas posições é uma das vozes do país que se multiplica na luta contra a corrupção e os problemas que subtraem o futuro de Portugal. Numa conversa com uma regularidade bem definida este é o corolário cuja demonstração pode ver já de seguida...

 

O que nos podes contar da sua infância?
A minha infância foi passada em Viana do Castelo, no seio duma família tradicional do Alto-Minho, rodeado de muitos primos e tios. Férias grandes passadas na praia e noites a explorar o céu, o que criou em mim um enorme fascínio pela imensidão do universo e o gosto pela Astronomia.

Com 10 anos de idade como eras na aula de matemática?
Aos dez anos, era bom aluno a Matemática, aprendia a designada “matemática moderna” que dava os primeiros passos em Portugal. A revolução do 25 de Abril chegava e com ela a politização acelerada da sociedade portuguesa.

Licenciado em Matemática pela FCUP. Porquê?
Foi o gosto pela Astronomia que me encaminhou para a licenciatura em Matemática. À época, apenas havia licenciatura em Matemática no Porto, Coimbra e Lisboa. Era o tempo dos “numerus clausus”, poucas vagas para muitos candidatos. Mas dada a proximidade de Viana onde viviam os meus pais, e como tinha boas notas, optei pelo Porto.

Lecionas na Universidade Lusófona. Que cadeiras lecionas?
Sou responsável por cadeiras de área de Estatística (Estatísitica I, II, etc.) e Sondagens, minha área de investigação; Leciono ainda, dependendo dos semestres, unidades curriculares na área da Análise e da Matemática Discreta.

Foste Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto com Rui Rio. Que balanço fazes dessa passagem?
Foram tempos de muita aprendizagem, excelente enriquecimento pessoal. Conheci muita gente boa, nas ruas e bairros do Porto. Foram tempos de combate, pois tive de enfrentar as redes mafiosas que contaminavam os bairros com o tráfico de droga. Defrontei ainda outros interesses igualmente perversos, a saber, os dos promotores imobiliários que gostariam de tratar a cidade do Porto como se fosse sua e não pertença do povo. Foram combates duros, mas ganhos. Não consegui, com pena, alterar e evitar para o futuro, após a minha saída, as práticas partidárias comuns de acesso e abuso do poder: a distribuição de negócios pelos financiadores dos partidos e distribuição de lugares pelos boys de serviço.

Para quando um regresso à política ativa?
Regressarei à política ativa, no dia em que me candidatar a um lugar em que possa combater a sério aquele que é o maior flagelo da vida pública portuguesa: a corrupção. A outro tipo de lugares não me candidatarei e não aceitei até hoje, nem aceitarei, lugares inúteis ou honoríficos, isto é, “tachos”.

És Vice-Presidente da Associação Transparência e Integridade. O que faz em concreto esta associação?
A Transparência e Integridade estuda o fenómeno da corrupção e combate-o militantemente. Congregamos em torno da associação aqueles que nos ajudam a conhecer o fenómeno. E chamamos todos aqueles que nos podem ajudar a combater a corrupção em Portugal. Apoiamos denunciantes de corrupção. Em determinados assuntos de dimensão nacional, tomamos posição. Assim tem sido nas questões das parcerias público-privadas, no dossier das privatizações, no regime de incompatibilidades dos titulares de cargos públicos e no acompanhamento da implementação do memorando de entendimento assinado entre o estado português e a Troika. Defendemos o aumento de transparência na vida pública e promovemos a criação de ferramentas que aumentem a transparência, o mais recente dos quais é o Índice de Transparência Municipal, lançado no final de 2013.  Quando achamos oportuno, elaboramos policy papers com a fundamentação e defesa das nossas posições. Representamos em Portugal a rede mundial de combate à corrupção Transparency International.

O matemático Marquis Pierre –Simon Laplace disse que "o que nós sabemos não é muito. O que não sabemos é imenso." O que é que em Portugal não sabemos sobre a crise... 

Os portugueses ignoram como o dinheiro dos seus impostos é canalizado para esquemas de corrupção que se alimentam da promiscuidade entre a política e os negócios.


Editaste um livro recentemente “da corrupção à crise. Que fazer?” O que podemos ler no livro?
O livro contraria duas mentiras que contaminam a sociedade portuguesa: a de que os portugueses andaram a gastar acima das suas possibilidades e a de que não há alternativa à austeridade. A principal causa da crise em que o país se encontra mergulhado é a corrupção. Alguns grupos económicos dominam completamente a actividade política que se transformou, ela própria, numa grande central de negócios. Enquanto o país empobrece, a classe média extingue-se, os mais pobres estão numa miséria irreversível. Os mecanismos de corrupção agravam-se e cresce a promiscuidade entre a política e os negócios. Há no entanto uma saída e essa não é a austeridade. É o combate à causa maior da crise, o combate à corrupção.

A prova de acesso à carreira docente é uma medida... 

avulsa, desenquadrada de qualquer estratégia, mal fundamentada. O ministro Nuno Crato é hoje um triste resto do Professor Nuno Crato que refletia bem sobre o sistema de ensino e parecia ter soluções a implementar. Está hoje totalmente absorvido pelo sistema corporativo que domina o sector da Educação em Portugal. Sem estratégia, sem competência, todas as medidas são meras tentativas de demonstração de força, que só se revelam necessárias porque a governação é fraca. 

Portugal está em dificuldades. Sair da crise é uma incógnita porque...

a austeridade aplicada não resolve o problema e não surgem actores políticos com soluções alternativas.

Henry Ford referiu que o “fracasso é simplesmente a oportunidade de começar de novo; desta vez de uma maneira inteligente”. Portugal precisa de...
uma nova oportunidade só pode vir pela mão de uma nova classe política que não desperdice as potencialidades do país e combata a corrupção que nos suga todos os recursos públicos. 

  Por Carlos Marinho



Paulo Morais - Entrevistado do Clube SPM em janeiro, no dia 1

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A figura que será entrevistada em janeiro de 2014 será Paulo Morais. Reconhecido em diversas áreas, é actualmente Vice-Presidente da Associação Cívica de Transparência e Integridade, o ex-vereador da Câmara Municipal do Porto tem como a sua área de formação base, a matemática. Paulo Morais, é também, professor de Matemática. A abrir o ano de 2014, um ano que todos baptizam como difícil, nada melhor que entrevistar uma personalidade que sabe onde estão os problemas com os números e onde a matemática é mal aplicada no país. Dia 1, vamos conhecer melhor...Paulo Morais. A não perder...


Entrevista a Maria Cerqueira Gomes...em dezembro de 2012. Recorde aqui...

Publicado/editado: 30/12/2013