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Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.
Carlos Marinho - Professor de Matemática
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Nasceu perto de Paris em 1811, vinte e dois anos após a Tomada da Bastilha, época em que Napoleão Bonaparte se encontrava no seu apogeu. Foi um entusiasta pela política desde os 4 anos por influência do seu pai. Cresceu num período de grande agitação social e política, que marcou de forma negativa todo o seu percurso de vida. Tinha uma verdadeira paixão pela Matemática. O seu professor M. Vernier, alertado pela sua qualidade, aconselhou os pais a deixarem Galois dedicar-se apenas a este tema. Caso contrário, limitava-se a importunar os professores e a atrair castigos. Era descrito como estranho, original e fechado.
A sua curta vida foi desenhada por polémicas e conflitos. Num banquete de protesto onde esteve Alexandre Dumas, autor da famosa personagem D’ Artagnan, os ânimos exaltaram-se e Galois fez um brinde ao rei com um punhal na mão. Prenderam-no, mas acabou perdoado após um julgamento duro e difícil.
Galois faleceu num duelo com um dos melhores atiradores de França. Um proibido romance com a namorada deste, terá sido a causa deste inusitado confronto, que viria a roubar-lhe a vida, demasiado cedo. Na última noite da sua vida, prevendo um desfecho fatal e consciente que as suas descobertas iam morrer consigo, escreveu de uma forma indómita e contínua. Queria deixar tudo o que tinha descoberto e que estava nas profundezas do seu saber. Não conseguindo provar todas as coisas, ia escrevendo repetidamente em desespero nas margens: J´ai pas le temps!
Apesar da sua tenra idade e no pouco tempo de vida que pôde dispor para trabalhar matemática, resolveu um grande problema em aberto, criou um novo ramo na álgebra e desenvolveu como ninguém a teoria de grupos. O que terá ficado por descobrir...
Falamos de Evariste Galois, um dos mais originais, irreverentes e indómitos matemáticos de todos os tempos. No mês passado, a 25 de outubro, fez 203 anos após o seu nascimento.
No dia 30 de maio de 1832, ouviu-se um disparo ecoando o 13º bairro de Paris. Um camponês que caminhava pelo local correu na direção de onde veio o disparo. Encontrou um jovem rapaz a contorcer-se com dores após ter levado um tiro num duelo. Galois foi levado para o hospital local mais próximo. Morreu no dia seguinte nos braços do seu irmão. As suas últimas palavras, para o irmão, foram: "Não chores por mim, Alfred. Eu preciso de toda a coragem que tiver para morrer aos 20 anos...”
Galois, foi sem dúvida o D´Artagnan da matemática...