Linhas e Pontos por Carlos Marinho

Clube SPM - Eixos de Opinião novembro de 2014



 

Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.         

   

Carlos Marinho -  Professor de Matemática           



     

Artigo de dezembro de 2014            

 

Título: 
Fermat e a Peste…



Numa época em que a sociedade padece com diversos tipos de patologias, o ébola ou a legionella, noutros tempos e lugares, matemáticos sofreram também com doenças. Um desses casos foi o francês Pierre de Fermat, por volta de 1652. Foi atingido pela peste que devastava toda a Europa. Ficou tão doente que chegou a ser anunciada a sua morte. Conseguiu sobreviver. 

Fermat seguiu a carreira de funcionário público, tornando-se um magistrado muito respeitado. Ascendeu à posição de conselheiro do rei no parlamento de Toulouse. Quando um cidadão queria interpor um requerimento ao monarca, primeiro tinha de convencer Fermat da importância do seu pedido.

Com um temperamento tranquilo, evitava chamar a atenção sobre si próprio. Passava o seu tempo livre recolhido em casa, onde se dedicava a ler literatura clássica e a estudar Matemática. Contudo, Fermat tinha também um lado provocador quando comunicava com outros matemáticos. Escrevia cartas expondo os seus resultados, mas sem mostrar as soluções. Desafiava-os a encontrar a prova, e nunca revelava as suas demonstrações. O matemático francês René Descartes chamava-o de “gabarola” e John Wallis referia-se-lhe como "esse maldito francês".

Em 1655, trocou correspondência com Pascal. Desta troca de saberes nasceu um ramo inteiramente novo da matemática - a teoria das probabilidades. Pascal insistiu com Fermat para que publicasse o seu trabalho, ao que este lhe respondeu: “Mesmo que o meu trabalho seja julgado merecedor de publicação, não quero que o meu nome apareça nele”. 

Fermat foi responsável por uma das maiores descobertas matemáticas da história “o último Teorema de Fermat”. Talvez, por isso, o espanhol Miguel de Guzman referiu que “Fermat pode, com perfeita justiça, ser considerado o príncipe e o patrono dos apaixonados pela matemática”. 

Publicado/editado: 09/12/2014