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Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.
Carlos Marinho - Professor de Matemática
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Aprender por natureza é uma tarefa que dá trabalho. Aprender a falar em bebé demora o seu tempo. Andar também. Lembra-se quando pedalou pela primeira vez de bicicleta. Foi fácil? E nadar? E ler e escrever? E como foi com a matemática? A principal característica comum a todas estas tarefas é o trabalho que é necessário para as fazer. O matemático Aristóteles dizia que “é fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”.
Culturalmente, de pais para filhos passou-se a mensagem que aprender matemática era difícil. Sendo verdade, que a matemática num determinado estádio de desenvolvimento torna-se complexa, deve numa fase embrionária ser aprendida por todos. Com os meios corretos será um veículo privilegiado para o desenvolvimento cognitivo da criança. Acredite que uma criança que aprende matemática é uma criança feliz. Todos nós podemos ter um papel fundamental para que a aprendizagem das nossas crianças seja uma realidade bonita se no momento certo ajudarmos a dismitificar a ideia de que não existe um adamastor em relação à matemática. Não é a criança que decide se gosta ou não de matemática. Se tem ou não capacidade de a aprender. Nós pais, educadores, agentes educativos teremos de tomar essa decisão por elas. Ajudá-las a trabalhar, no momento certo, em prol do sucesso e não as deixamos cair no insucesso.
Conta-se uma história que não passa de um mito urbano com divesas leituras, de uma caravana de camelos que atravessava o deserto. Chegou a hora do descanso e o cameleiro preparava-se como habitualmente para prender os camelos às estacas quando verificou que faltava uma estaca.
Não sabendo como resolver o problema, perguntou ao mestre da caravana:
– Mestre falta-me uma estaca para um camelo. Como faço?
– Não tenhas problemas. Eles estão tão habituados a ficar presos que se tu fingires que o atas com a corda, ele pensará que está preso e nem sequer tentará sair do sítio.
O cameleiro assim fez e o camelo ficou ali toda a noite.
No dia seguinte quando se preparavam para partir esse camelo simplesmente recusou-se a sair do sítio, mesmo quando o cameleiro o puxava com toda a força. Sem saber que atitude tomar, dirigiu-se de novo ao mestre contando-lhe o sucedido.
– Homem! Respondeu-lhe o mestre. Que fizeste ontem? Não fingiste que o ataste à estaca? Então faz o mesmo hoje. Finge que o desamarras!
No momento em que o cameleiro fingiu que o desatava da estaca imaginária, o camelo recomeçou a caminhada.
Muitas vezes, não avançamos devido às nossas estacas mentais. (A)prender... a matemática? Pode ser uma longa caminhada, mas nunca será um deserto de ideias...