Linhas e Pontos por Carlos Marinho

Clube de Matemática SPM - Eixos de Opinião outubro de 2015



 

Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.                

   

Carlos Marinho -  Professor de Matemática                  



Linhas e Pontos por Carlos Marinho - Volta de 180 ou 360 graus?

Clube de Matemática SPM - Eixos de Opinião outubro de 2015 

 

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Título: Volta de 180 ou 360 graus?
 

A matemática está em todo o lado. Está nos carros, telemóveis, televisões, cinema, eletricidade, segurança, guerras, escolas, em nossas casas... Desde as pequenas compras numa caixa de supermercado até à defesa do planeta Terra e,... até nas expressões idiomáticas.

O argumento deste texto liga a matemática às expressões idiomáticas. Começo por referir que estou confuso. Habituamo-nos a ouvir em todo o lado, em particular nos programas de televisão/rádio a expressão “temos de dar uma volta de 360 graus”. Durante muito tempo esta expressão idiomática ganhou seguidores. Pelos vistos a moda mudou. Ultimamente, tenho ouvido “temos dar uma volta de 180 graus”. Como? Como se consegue dar uma volta de 180 graus? Alguém entendido deve ter dito que dar uma volta de 360 graus, seria voltar ao mesmo sítio, logo, à mesma vida. Toca a mudar a expressão... para 180 graus. Mas uma volta, não são 180 graus. Para onde iremos? Pelos vistos, a primeira expressão parece falhar porque se regressa ao mesmo lugar. A segunda afirmação parece falhar, uma vez que uma volta são 360 graus e não 180. Em que ficamos? Aqui está um problema “matemático real”.  


“Volta e meia”, lá ouvimos estas modificações e ficamos baralhados. Eu pelo menos fico. A solução passa por “dar a volta por cima”. “Sempre há coisas do arco da velha”. Não sei se este artigo ficou “feito num 8” ou se correu às “1000 maravilhas”. Será que “entrou nos eixos?” Este não é um assunto que esteja “fechado a 7 chaves”. A discussão está aberta. Qual é a sua opinião? Esta mudança é correta? Lembre-se o “1º milho é dos pardais”. Será que quem originou esta inusitada renovação serão “meia dúzia de gatos pingados”. Será que esta mudança não passa de um “zero à esquerda?”

Acho que consegui “matar 2 coelhos de uma só cajadada”, falei de matemática (números) e da língua portuguesa (expressões idiomáticas). O dramaturgo inglês Arnold Wesker referiu que “a língua... é uma ponte que permite atravessar com segurança de um lugar para outro”. Por seu lado, o mestre Galileu disse “o Universo é um livro aberto à frente dos nossos olhos e a Matemática apenas a língua em que ele está escrito”.

Outra expressão em mudança e que está a pegar, ganhando relevo no final das entrevistas, tem a ver com a frase que o jornalista diz aos seus convidados…”foi um gosto tê-lo aqui” em vez de “foi um prazer tê-lo aqui”. Porquê? Bom, esta é uma outra problemática que de momento não interessa, não tem a ver com a matemática e números…

Para concluir, prefiro dizer, “foi um prazer escrever este artigo” e se, não agradar, no próximo “vou dar uma volta de 360 graus”. 

Agora “vou dar uma volta ao bilhar grande” e “volto” no mês que vem.

Publicado/editado: 10/10/2015