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Episódio V por Gonçalo F. Gouveia - Dia 21
A deflagração conjugal endireitou-lhe instantaneamente a coluna vertebral e nem o peso da recém-ressuscitada – que se mantinha suspensa dos seus ombros com uma competência de marsupial – nem toda a erudição, militância ou competência administrativa impediram o acionar do universal e prosaico instinto de conservação do macho encurralado:
- Oh filha, vê lá tu que o que estava aqui no chão, uma chatice estas ondas gravitacionais, logo agora com o Gastão à frente do Ministério, oh D. Clarisse, então esse tal de duzentos e onze, é para hoje? – que diabo, agora que sou Diretor tenho de fazer tudo? – despejou de enxurrada, horrivelmente corado, tentando endireitar-se o melhor que podia enquanto enxotava a conspícua parente de Lázaro do seu pescoço. Esta largou-o e recuou um passo:
- ‘O que estava aqui no chão’!? Disferiu Helena, num sibilar felino.
Nesse instante João soube, como antes dele o temerário Martim Moniz, que se tinha entalado. Tinha escassos segundos para inovar, ou perecer.
Episódio VI por José Carlos Santos - Dia 26
FIM