Episódio IV por Gonçalo F. Gouveia - Dia 16
Durante um longo minuto os três cúmplices ouviram em alta voz um arfar que se tornava mais rouco e sinistro a cada ciclo. A excitação inicial dava lugar a uma notória inquietação mas nenhum deles se atreveu a quebrar aquela espécie de ruído branco que se tornava ensurdecedor. Subitamente, sem transição, ouviu-se um estrondo que os sobressaltou em simultâneo. Nenhum deles duvidou que se tratava do disparo de uma arma de fogo, precisamente por não se assemelhar em nada ao som simulado no cinema. Fora curto, brutal e sem apelo. – Um tiro…? – balbuciou o Luís, mais lívido que a parede à qual se amparara. Jetsun atirou o instrumento do crime ao chão como se o aparelho estivesse subitamente incandescente e encarou os cúmplices com olhos que pareciam desorbitados. Zecas, dividido entre a incredulidade e o pânico, incapaz de raciocinar, pôs-se de gatas e, sem lhe tocar, falou para o telemóvel como se se dirigisse a um animal que ameaçava mordê-lo – Minha senhora, alvejou o seu marido? Olhe que era uma brincadeira! – Após esta afirmação absurda fez-se silêncio. Mas a resposta não se fez esperar.
Episódio V por José Carlos Santos - Dia 21
Episódio VI por José Veiga de Faria - Dia 26
FIM