Pedro Filipe Soares - Entrevistado clube spm de dezembro de 2016...

Clube Matemática da SPM - Clube Entrevista
Pedro Filipe Soares - Entrevistado clube spm de dezembro de 2016...

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Clube de Matemática SPM

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Pedro Filipe Soares, político e licenciado em matemática aplicada é o convidado do clube spm de dezembro de 2016. Uma entrevista politicamente correcta com leitura pela infância feliz, pela escola com horizontes, por um Portugal possível e determinado, pela liderança na política e, claro pelo raciocínio dado pela matemática. Uma entrevista matemática bem aplicada que pode ler aqui...



 

A sua infância escrita num bloco seria...

... feliz, passada numa pequena aldeia do concelho de Castelo de Paiva. 


A sala de aula aos 10 anos era uma assembleia que...

... colocava grandes desafios. Tive aí a minha primeira mudança de escola, passando para o segundo ciclo, para um espaço muito maior e um currículo com muitas disciplinas. Gostei dessa mudança, serviu para alargar horizontes.

 
Na escola era um bom “deputado” na aula de matemática porque...

... os números falavam comigo com facilidade. Tínhamos um bom relacionamento e assim é desde aí. Era a minha disciplina preferida, onde as coisas me faziam mais sentido.


O Pedro é licenciado pela FCUP em Matemática Aplicada à Tecnologia. Porquê esta área?
O objetivo foi juntar duas paixões: a matemática e a tecnologia. Já tinha interesse pelo mundo dos computadores e queria saber mais. Mas o objetivo era saber como as coisas verdadeiramente funcionavam, aprofundar o conhecimento e não apenas ficar por generalidades. Achei que isso só seria possível com a ligação à Matemática, o que permitia um conhecimento mais sustentado e uma maior flexibilidade na abordagem de problemas.

Chegou a exercer alguma atividade ligada à matemática antes da política?
A minha atividade profissional é de programador informático, numa área de grande exigência computacional que só consegui corresponder por ter as bases matemáticas. Trabalhei em sistemas de análise e processamento em tempo real de grandes quantidades de informação (big data), geração automática de código e mediação de dados. As bases de lógica e recursividade, a capacidade de abstração e de modelação de informação foram essenciais.


Investir na matemática em Portugal é uma boa aposta porque...

... dá flexibilidade de raciocínio, bases teóricas para inúmeras áreas tecnológicas e porque há falta desse conhecimento no mundo. Onde muitos consideram que haver problemas (como no aprender matemática), há um enorme potencial que o país pode alcançar, apostando em conhecimento que será sempre a base do futuro.



A matemática esteve nos seus planos. O espaço agora é ocupado pela política porque...

... sempre tive uma atividade cidadã empenhada. Começou com o envolvimento em associações juvenis, passou para a participação em movimentos de cidadãos e depois, com naturalidade, aproximei-me do Bloco de Esquerda. Foi o partido com quem mais me identifiquei, pelo programa político e pela forma de funcionamento. A minha primeira vez como candidato do Bloco foi, enquanto independente, nas eleições autárquicas de 2001. Depois, como gostei da experiência, resolvi tornar-me aderente. Em 2009 fui eleito deputado e aí começou esta fase.
 
É líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda. É uma responsabilidade...

... enorme. É um desafio constante, quer na coordenação do grupo parlamentar, quer na relação com outros grupos, quer ainda na relação com o governo. Nesta fase, em que a solução política encontrada é nova, é ainda mais desafiante. Mas é gratificante porque temos conseguido melhorar a vida das pessoas e dar passos sustentados na devolução dos rendimentos.

 
Sente ou não que o raciocínio matemático que desenvolveu o ajuda a tomar melhores decisões no seu dia-a-dia?
Sim. Ajuda a ter uma melhor arrumação das ideias o que é fundamental para melhores ponderações. Se o resultado não for o correto, a culpa não será da matemática, mas do raciocínio…



Portugal é um país fantástico. O futuro é uma incógnita ou tem solução possível e determinada?
Tem solução possível e determinada, mesmo que tenhamos que considerar rejeitar o sistema. O nosso país é fantástico e assim pode ser o futuro. Mas temos que superar o modelo que nos agravou as desigualdades, aumentou a pobreza ao mesmo tempo que fez disparar o número de milionários, e dar passos para o futuro resgatando os direitos das pessoas comuns: o direito a trabalho digno, ao apoio na doença, à solidariedade na velhice, à aposta na educação.


O matemático grego Aristóteles referiu que “o homem é um animal político”. Esta frase tem mais de 2300 anos... 

... e ainda está atual. A política existe e nós fazemos parte dela, gostemos ou não. A demissão da política é em si um ato político e tem consequências. E, como não há espaços vazios nas relações sociais, se nós rejeitamos fazer ouvir a nossa voz, outras vozes falarão em nosso lugar. Por isso, o desafio é permanente: as escolhas estão na nossa mão e a mudança ao nosso alcance, temos é de dar o passo para essa mudança.
 
O matemático húngaro Alfréd Rényi disse que "quando estou infeliz trabalho matemática para ficar feliz. Quando estou feliz, trabalho matemática para me manter feliz". O que o faz feliz?
Estar com a família, com os amigos, que são os grandes prejudicados de uma vida política ativa. Ler um bom livro ou ouvir boa música. E, como o bichinho não dorme, resolver problemas e quebra cabeças, sejam matemáticos ou informáticos.


Carlos Marinho


Publicado/editado: 01/12/2016