Entrevistado do mês de Maio - O jornalista Júlio Magalhães

Entrevista a Júlio Magalhães - Jornalista


     


Júlio Magalhães nasceu na cidade do Porto em 1963 sendo um dos rostos mais carismáticos do jornalismo português. Aos sete meses de idade foi para Luanda regressando à cidade que o viu nascer em 1975.

Foi director de informação da TVI durante 532 dias entre 9 de Setembro de 2009 e 22 de Fevereiro de 2011, altura que anunciou a sua saída do cargo.

Jornalista desde muito novo, aos dezasseis anos já colaborava com "O Comércio do Porto", entrando na RTP em meados da década de 90.

Autor de várias obras literárias lançou em 2008 o seu primeiro romance "Os Retornados - Um Amor Nunca Se Esquece", obra de ficção onde narra uma história de amor que tem como cenário os conturbados momentos finais de uma África portuguesa. Uma obra baseada na sua própria experiência como português regressado na maior ponte aérea entre as ex-colónias portuguesas e Lisboa que se realizou em 1974 e 1975 para transportar os portugueses ali residentes.

Actualmente é editor e pivot dos telejornal da TVI e, diz-se um apaixonado pela cidade do Porto e da jóia da coroa, o F.C. Porto. Como escreve Mário Claúdio no livro «Meu Porto»:


"Não há cidade como o Porto que não permaneça página em branco ao cabo de linhas e linhas escritas. Cercam-no de histórias e de roteiros, de romances e de crónicas, de poemas e de ensaios, de reportagem e de antologias, e sempre o lugar se ergue...O Porto nasce e morre connosco, igual ao mais insatisfeito de quantos desejos nos visitaram."


Igual a si próprio pouco tempo antes de viajar para Londres profissionalmente para acompanhar o casamento real entre William e Kate, a contornos a azul e branco Júlio Magalhães numa entrevista  de índole matemática que é notícia de abrir qualquer Telejornal. 


O que nos pode “contar” da sua infância?

Uma infância feliz num país maravilhoso que era Angola. Uma infância feita ao ar livre.


O basquetebol foi uma das suas paixões enquanto jovem. Como recorda essa época?

Foi a primeira modalidade desportiva que me apaixonou. Em Angola vivia-se muito o basquetebol e desde cedo na escola os meus professores de educação física notaram que  eu tinha jeito para a modalidade. Quando vim para Portugal fui logo jogar para os infantis do FC Porto onde já jogava um primo meu. Fiz depois uma excelente carreira nas camadas jovens com vários títulos nacionais mas depois o trabalho e os estudos não me deixaram continuar. Ficou nos seniores o meu sonho do basquetebol.


Lembra-se como e quando “equacionou” ser jornalista?

Já era viciado em jornais e fascinava-me passar à porta do "Jornal de Noticias" e de "O Comércio do Porto" e esperar pelo jornal do dia. Tive sorte porque uma amiga minha que trabalhava no "O Comércio do Porto", sabedora de que eu gostava tanto de ler jornais e de desporto um dia perguntou-me se queria ir colaborar para o jornal. E aos 16 anos estava mesmo a colaborar. Nunca mais pensei noutra coisa senão em ser jornalista.


O Júlio Magalhães é um “caso notável” em televisão. Qual é a sua “fórmula”?

Não sei se sou um caso notável. Mas a minha fórmula foi sempre a mesma. Nunca usei truques nem deixei de ser quem sou por estar na televisão. Aquilo que as pessoas vêm no ecrã é precisamente aquilo que eu sou fora dele. Esse não é um segredo, é só uma fórmula que eu julgo única e correcta para estarmos num meio como a televisão.


Na matemática “inventam-se” fórmulas para tudo. E na informação?

Na informação inventamos fórmulas para conquistar audiências. Tal como na matemática, na televisão vive-se dos números.


Existe um ramo da Matemática relativamente recente, com apenas 400 anos que é a Estatística. Os jornalistas utilizam-na todos os dias. Tem noção disso?

Temos claro. Todos os dias às oito da manhã projectamos o dia com base nos números e estatísticas que recebemos do dia anterior no que diz respeito às audiências. Quem viu, se novos, idosos ou de meia-idade, que meios sociais estiveram mais atentos, quanto ganhamos com os intervalos feitos no sítio certo, e com os tempos exactos das novelas ou dos jornais. Tudo são números.


Que informação retém da matemática quando foi aluno?

Nunca fui grande aluno a matemática. Eu e 90 por cento. Mas guardo uma fórmula de um professor do secundário que dizia, “o dinheiro é sagrado não gastes mais do que o que ganhas”. Nos dias que correm esta simples fórmula teria resolvido todos os problemas do país.

A sucessão 1/n tende para onde?

Não faço ideia. Eu tendo para a felicidade junto da minha família e amigos.


E a sucessão de Pinto da Costa no F. C. Porto tende para onde?

É simples…títulos, títulos e mais títulos.


Escreveu o livro “365 razões para ser Portista”. E nos anos bissextos, como é?

Esse é o ano que tem mais um dia para descansarmos dos festejos


A necessidade de escrever Romances/ficção é um complemento da sua vida pessoal e/ou profissional?

É um complemento e uma enorme satisfação


Deixou o cargo recentemente de director de informação da TVI. Esta “função” foi um “problema” com que “soluções”?

Foi um problema resolvido com uma única solução. Trabalhar em equipa…


Como recorda aquele episódio de riso genuíno com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa? A cassete sempre chegou a aparecer?

Apareceu claro, mas no fim do jornal. Se tivesse aparecido na hora certa os portugueses não tinham assistido a um momento tão genuíno quanto embaraçador em televisão.


Afinal de “contas” a matemática é…

É parte integrante da nossa vida. Vivemos no meio das contas e dos números, Cabe-nos fazer por não sermos apenas mais um número na sociedade. A Matemática ajuda-nos a ter destreza para conseguirmos esse objectivo.



Publicado/editado: 01/05/2011