Entrevistado de outubro - Narciso Miranda (Político)

Clube Entrevista...

Entrevista a Narciso Miranda - Politico

 

     


Narciso Miranda, 63 anos, é o convidado de outubro do clube spm. Natural do Minho, foi em Matosinhos que criou as suas maiores “raízes”. Porque a política é uma ciência, este é o mês que discutimos esta temática sem necessidade a orçamentos retificativos. Uma entrevista politicamente correcta com leitura pela infância, família, a escola, matemática, a politica e, claro o futuro. Este é o plano politico desta conversa onde a matemática foi eleita com maioria absoluta. Tem a palavra Narciso Miranda…
 
Nasceu em Viana do Castelo. Como foi a sua infância?
Nasci em Barroselas, uma vila de Viana do Castelo. Foi uma infância muito discreta, muito humilde, característica de uma aldeia, enfrentando muitas dificuldades. Da conjuntura de então, talvez piores do que aquelas que enfrentamos  atualmente. Foi uma infância, igual a qualquer menino de uma aldeia.

Com 10 anos como era o pequeno Narciso na escola? Gostava de matemática?
Com 10 anos, foi a transição, do modelo antigo da 4ª classe para o primeiro ano. Uma mudança da escola da aldeia para a escola da cidade. Na altura só havia escolas na cidade a partir da 4ª classe. Fui um aluno regular, muito bom a aluno a matemática. Lembro-me do primeiro ponto que fiz na escola em Viana do Castelo tirei 19,8 e, foi a matemática. Fiquei assustado.


Esse foi um momento que a matemática o marcou?
A matemática foi sempre uma disciplina que eu gostava intensamente, e portanto a única referência interessante que lhe posso dizer é que era procurado por todos os miúdos que andavam no ciclo preparatório e até ao 9º ano para eu lhes ensinar matemática.  A compensação era pagarem-me o café ou a meia de leite e a bola de Berlim. Como eu não tinha dinheiro eles tinham que me pagar.

Sabia a tabuada?
De cor e salteado. Ainda hoje funciono mais depressa com a tabuada do que com a máquina de calcular.

A educação das suas 2 filhas foi um objectivo muito importante...
Foi aquilo que eu desejava ter. Aproveitei as melhores oportunidades para investir nas minhas filhas. Sobretudo na educação. Também na cultura. Mas particularmente na educação. Sempre tive muito orgulho nelas. Foram sempre boas alunas, terminaram o 12º ano, uma com 18,65 e outra com 18,25, de média. Entraram diretamente, numa das  faculdades onde é mais difícil de entrar, que atinge a nota mais alta, em arquitetura. Terminaram os seus cursos sem nunca perderem um ano. Foi bom. Hoje são arquitectas.

Como surge Matosinhos na sua vida?
Depois de terminar o 9º ano, em consequência do desemprego no Minho e em Viana do Castelo, o meu pai veio para a Efacec, arrastou a família toda. Foi assim que cheguei a Matosinhos.

Foi Presidente ca Câmara de Matosinhos durante...
29 anos na câmara. 26 como Presidente e 3 anos como vereador.

Foi uma experiência...
Muito enriquecedora. Foi um período de grande aprendizagem, de crescimento contínuo, de aprendizagem persistente e sobretudo cresci do ponto de vista humano de uma forma notável.

Os cálculos matemáticos estiveram sempre presentes na sua vida de autarca...
Inquestionavelmente. A matemática está na nossa vida. Faz parte da nossa vida. A nossa vida também é muitas vezes condicionada por números, por fórmulas, por regras. Quem tirar a matemática da vida corre o risco de ser infeliz.

As sondagens, as probabilidades, os resultados das eleições que participou entendia-as como?
Tudo isso é matemática. Tudo. Tudo anda à volta dos números. O que prevemos, as consequências do que fazemos e sobretudo a avaliação daquilo que os outros pensam daquilo que nós realizamos são tudo fórmulas matemáticas que têm de ser analisadas com muito rigor e com um grau de exigência elevado. Quem não o fizer falha.

Habituou-se gerir orçamentos, calcular percentagens. Acha que a matemática que aprendeu em jovem lhe serviu para  ser um melhor autarca?
Muito. Foi decisiva. A Matemática que eu aprendi, já não vou para os 4 anos do ensino primário, mas a partir do 5º ano tudo o que aprendi na disciplina de matemática foi um pilar decisivo para as funções de Presidente de Câmara, foi para tudo na vida, mas sobretudo para as funções de Presidente de Câmara.

Foi um autarca que apoiou muito a educação. Porquê?
Porque o futuro depende da educação. Porque as novas gerações  dependem da educação. Se não investirmos na educação, se não nos empenharmos em crescermos  através da educação o futuro não fica garantido.  A educação e a cultura são duas pedras basilares do sucesso. Do sucesso da pessoa, do sucesso da família mas também do sucesso das comunidades e das sociedades.

Como vê o aumento do números de alunos na sala de aula?
Era preferível um número mais baixo. Indiscutivelmente. Isso sente-se numa forma mais acentuada na matemática. Também reconheço que no meu tempo andávamos por esse nível. Só que não podemos olhar para trás, temos de olhar para a frente. Eu pessoalmente, defenderia um número mais baixo de alunos em contexto de sala de aula.

Investir na matemática é uma boa aposta...
É determinante. Quem não perceber isso, corre o risco de perder os desafios do futuro.

O país está em dificuldades. Sair da crise é uma incógnita?
Eu tenho muito medo daquilo do que se está a passar. Sobretudo tenho muito medo daquilo que vai acontecer aos nosso filhos e, particularmente aos nossos netos. Medo, é o que eu tenho.

O seu futuro passa por...
Passa por continuar a lutar por ser feliz.

O que é que o faz feliz?
Em primeiro lugar a família é um pilar fundamental da felicidade. Em segundo lugar conseguir relativizar o que é irrelevante e salientar o que é mais importante. Eu acho que nós perdemos tempo de mais com insignificâncias, com banalidades, com superficialidades. Devemos nos concentrar no que é essencial. Preciso de continuar a ter inteligência suficiente para dar importância ao que é importante para continuar a ser feliz.


Por Carlos Marinho



 

Matemática - Clube SPM



O nosso convidado de outubro é umas das personalidades mais conhecidas a nível nacional. 


Sempre gostou de matemática, gosto este que viria a ser fundamental nas suas funções profissionais. 


Quem será? Segunda-feira iremos desvendar esta incógnita. 


Será uma excelente entrevista onde a matemática é o foco central.

Dia 1 de outubro, o nosso convidado é...Narciso Miranda.

Publicado/editado: 30/09/2012