Episódio I por José Carlos Santos - Dia 1
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Episódio VI por Gonçalo F. Gouveia - Dia 26
Jaime encarou-o estupefacto e esboçou o gesto absurdo de quem se afoga num charco raso.
- Ó Neves, estás parvo?! Balbuciou.
O outro fulminou-o com o olhar implacável de quem se dirige a um idiota e retorquiu de chofre:
- Já lhe disse que não me chamo Branco das Neves, não há nenhuma empresa nesta rua e eu não trabalho consigo nesse tal anteviros, que eu sou é dos correios e o meu colega sempre foi o Couto e creio que estou bem servido, que ele ao menos não é doido, minha senhora!
As últimas palavras deixaram Jaime exangue. Virou-se instintivamente para o vidro do carro – que agora aparentava ser amarelo – e ficou frente a frente com o inequívoco reflexo de uma mulher que não reconhecia de lado algum. O choque devolveu-lhe a lucidez: o vírus! Estava infetado pelo vírus informático! Com a destreza dos desesperados, e a convicção inabalável de um engenheiro informático, esbofeteou-se cruelmente numa tentativa heroica de se reiniciar, sem sucesso, até se recordar que tinha a pasta misteriosa – e rígida – na mão e a lançar violentamente à própria caixa craniana.
Do outro lado da rua, rindo às gargalhadas atrás duma carrinha dos correios, a indómita filha do Jaime virou-se para o Branco das Neves e reuniu fôlego para comentar: Eu disse-te que o holograma funcionava, mas acho que desta vez fomos longe de mais…
FIM