Linhas e Pontos por Carlos Marinho

Clube de Matemática SPM - Eixos de Opinião dezembro de 2016



 

Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.                            

   

Carlos Marinho -  Professor de Matemática                              



Linhas e Pontos por Carlos Marinho - Um meio... de manta

Clube de Matemática SPM - Eixos de Opinião dezembro de 2016 

 

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Título: Um meio... de manta


Numa época de filhos(es) e (raba)nadas, o importante não são os presentes, mas estarmos presentes com a família e com a pessoas de quem gostamos.  Não são raros os matemáticos que apesar do seu saber e conhecimento acima da média, nunca enriqueceram, pelo contrário, viveram de uma forma excêntrica e desprovidos de bens materiais. Um dos casos foi o de Paul Erdős, um extraordinário matemático húngaro, curiosamente filho de professores de matemática. Durante cerca de uma década, Erdős quase nunca saiu de casa porque a sua mãe não o deixava com medo que ele apanhasse uma doença fatal, como acontecera com as duas suas irmãs. Paul viveu sempre rodeado de livros de matemática. 


Uma das suas frases mais carismáticas era “a minha mente está aberta”. Batia à porta de outros matemáticos como se fosse um sem abrigo com o objetivo de trabalhar com eles. Durante 2 ou 3 dias trabalhava de forma afincada até se aborrecer e partir. 


Paul Erdős adorava os seus pais, mas não são raros os casos em que os filhos não tratam bem os seus progenitores. Fica aqui uma história com dezenas de anos que não passará de um mito urbano que me foi contada quando eu era muito pequeno pela minha mãe e que diz assim: “um dia quando o pai ficou muito velhinho, o filho pegou nele e levou-o até ao monte e disse-lhe: - pai, estás velho e doente. Deixo-te aqui. Pegou numa manta e deu-lhe dizendo: - fica com esta manta para te defenderes do frio quando chegar a noite. O pai olhando para ele respondeu-lhe: obrigado filho. Mas não precisavas ter esse trabalho. Já agora, tens aí uma navalha? O filho respondeu: - sim, pai, tenho. O pai pegou na navalha e num movimento único cortou metade da manta e disse ao filho: - filho, pega metade desta manta para a usares no dia em que o teu filho te fizer o mesmo que me estás a fazer. Pode acontecer, que o teu filho não te dê uma manta no dia em que te abandonar, te deixar neste monte. Vais morrer de frio. O filho, perante a atitude do pai, pediu-lhe desculpa, agarrou-se ao pai a chorar e trouxe-o para casa”.


Neste Natal, tenha o melhor presente, esteja presente, use um meio... de manta para estar com quem gosta. 


Feliz Natal.


Publicado/editado: 10/12/2016