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Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.
Carlos Marinho - Professor de Matemática
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O xadrez é um dos jogos mais populares e interessantes, praticado por milhões de pessoas em todo planeta. Serão perto de 605 milhões em todo o mundo que sabem jogar xadrez. O pensamento lógico e estratégia usados neste jogo têm na sua base a matemática. O campeão de xadrez Anatoli Karpov referiu que “o xadrez está mais perto da Matemática do que qualquer outra ciência”.
O xadrez é um jogo que imprime uma sucessão de ideias e estratégias cujos movimentos são facilmente explicados de uma forma analítica através da matemática. Toda a dinâmica do jogo é projetada pela invisibilidade da matemática. Tinha razão o matemático Gottfried Leibniz quando defendeu que "o xadrez é uma ciência."
Uma lenda conta que um árabe muito rico, grande apreciador de xadrez, investiu toda a sua fortuna num tabuleiro de incalculável valor, cujas peças eram feitas de ouro e pedras preciosas. Velho e doente quis perceber qual dos seus cinco filhos seria merecedor da sua singular fortuna. Pensou e decidiu que a sua herança iria para o filho que fosse capaz de jogar consigo o número de partidas correspondentes a metade dos seus dias de vida. Os filhos ficaram perplexos com a tarefa imposta, pois diziam desconhecer esse número de dias, referindo que ninguém poderia saber essa resposta. Um a um, foram recusando a herança por se sentirem incompetentes na sua resolução. Contudo, o mais novo, depois de ter raciocionado algum tempo, aceitou o desafio. Perante a desistência dos irmãos conseguiu provar ao pai que era merecedor da sua herança.
Como o fez? A solução para este intrincado problema tem uma explicação bem simples: o filho mais novo, estrategicamente, jogou com o pai, dia sim, dia não, até ao último dia da vida do pai.