Fernando Pimenta, atleta olímpico de canoagem é o convidado do clube spm de novembro de 2016. Os "remos" principais desta conversa passam pela infância, o desporto, a canoagem, a família, Londres 2012, a medalha olímpica, Brasil 2016 e, claro a matemática. Entre neste "barco" e veja até à meta como Fernando Pimenta fica na história e se torna num dos melhores do mundo na sua modalidade.
Em que águas foram passadas a sua infância?
As águas onde passei a minha infância foi sempre em Ponte de Lima, ora na Escola (Escola do Ciclo e Secundária de Ponte de Lima) ora no Clube Náutico de Ponte de Lima.
A escola era um barco grande. Como foi estudar?
Sim, sem dúvida que a escola foi um dos maiores barcos que apanhei na minha vida. Foi uma fase muito boa, o normal para qualquer estudante. Guardei bons momentos, grandes aprendizagens e ainda bons amigos, quer colegas de turma quer professores.
A matemática foi como remar contra a maré ou gostava da disciplina?
Sinceramente tive um pouco de tudo, houve alturas em que remei bem e tranquilamente a favor da maré/matemática, mas também cheguei a remar um pouco contra a maré, apanhei algumas tempestades que com muito trabalho as consegui superar.
Como começou a paixão pela CANOAGEM?
Tudo começou no verão de 2001, para ocupação das férias escolares inscrevi-me nas férias desportivas do Clube Naútico de Ponte de Lima que continua a ter atividades para ocupar o verão dos mais jovens estudantes. No final do verão fui convidado pelo meu atual treinador a continuar na equipa de competição que treina o ano todo.
Um dia de treino é...
É recheado de muitos números. Começo sempre o meu dia por volta das 7:30, depois de um bom pequeno almoço vou para o clube, faço uma preparação para o treino e vou para o rio. Depois do treino existe sempre mais algum trabalho de recuperação ou de mais um pouco de recuperação ativa. Despois do almoço descanso um pouco para os treinos da tarde, no final do treino da tarde é descansar e recuperar para o dia seguinte.
A CANOAGEM é dos desportos mais completos. Porquê?
A Canoagem é um desporto muito completo devido ao trabalho que fazemos, na nossa preparação trabalhamos sempre outras modalidades para nos ajudarem a ter um desempenho e uma performance melhores. Fazemos Corrida, Ciclismo, BTT, Natação, Ginásio para além da própria Canoagem, depois também nos obriga a sermos muito disciplinados, rigorosos e trabalhadores.
Os Jogos Olímpicos Londres 2012 foi o momento alto da sua carreira com a conquista de uma medalha de prata. Como foi?
Sem dúvida que foi um dos momentos mais altos da minha carreira desportiva. Cruzar a meta e ver que tínhamos conquistado uma medalha para Portugal na maior prova multidisciplinar do Mundo deixou-nos muito orgulhosos. São momentos únicos muito difíceis de se conseguir explicar, o melhor é sentir ou tentar sentir como é esse momento.
Onde guarda a medalha de prata que o colocou na história do desporto mundial?
A medalha está bem guardada em casa, apesar de em termos monetários não ter grande valor tem muito valor em termos sentimentais. Guardo-a religiosamente com muita estima.
Ficamos todos com a sensação que ia ganhar uma medalha nos Jogos do Brasil 2016. Notava-se que estava em grande forma. O que aconteceu na final?
Ainda hoje não quero acreditar no que se passou, nem quero falar sobre o assunto. Foi algo que me magoou muito, foram muitas horas de trabalho, sacrifício, longe da família, a abdicar da minha vida pessoal para chegar na minha melhor forma de sempre, e isso consegui. Na noite antes da prova houve uma tempestade na zona da pista, alguma pistas ficaram com bastante lixo e folhas e durante a minha prova apanhei algumas o que me travou o barco.
Tem um currículo único no desporto nacional na sua modalidade. Orgulha-se desse feito porque...
Sim, orgulho-me, todo o meu palmarés foi conquistado com muito esforço da minha parte e de todos os que trabalham e vivem comigo. Espero não ficar por aqui e continuar a conquistar bons resultados para Portugal e para os Portugueses.
A sua família são os seus remos principais porque...
Porque sem dúvida é o principal pilar e apoio que qualquer atleta que pretenda ter sucesso tem de ter. São eles que estão em todos os momentos da vida de um atleta, quer nos bons quer nos maus, que ajudam quanto possível com a sua experiência a tomar algumas decisões.
O matemático Alfréd Rényi disse que "quando estou infeliz trabalho matemática para ficar feliz. Quando estou feliz, trabalho matemática para me manter feliz". O que o faz feliz?
O desporto é algo que me faz feliz, principalmente a Canoagem, partilho o que Alfréd Rényi disse, mas no meu caso voltado para o desporto e para a canoagem.
Por Carlos Marinho
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