Título: O Cavaleiro da Triste Eleição
Episódio I por Gonçalo F. Gouveia - Dia 1
O sargento Reis, veterano da Guarda, sentiu que lhe ardiam novamente os olhos e voltou apassar o lenço pela testa, mais por entretenimento que por eficácia, porque o calor era tal que sentia que toda o seu orbe calvo se liquefazia. Suspirou pela centésima vez e amaldiçoou quem tivera a ideia de os por numa operação de fiscalização a viaturas numa estrada onde a única viatura era a deles. Dele e do malandro do Cabo Ferreira que se ausentara para ‘verter águas’ e ainda não voltara. Foi ao abanar desolado a cabeça que o viu pela primeira vez: na curva, bem ao meio da estrada, perfilava-se uma visão extraordinária: no lombo de uma pileca miserável cavalgava um sujeito carregando uma longa vara à guisa de lança, coberto por uma armadura improvisada em cartão canelado; na cabeça, brilhando ao sol, empoleirava-se uma arrastadeira ostentando uma etiqueta onde se lia: ‘Propriedade do Centro de Saúde’. O Sargento, atónito,reconheceu finalmente o Presidente da Junta da vizinha Carcamelos quando o estrambólico personagem berrou a plenos pulmões: ‘Prostrem-se hostes, que se vos apresenta D. Quixote, o da Triste Eleição, que vencido em justo escrutrinio, caminha para o exílio!’.
Episódio II por José Carlos Pereira - Dia 6
Episódio III por José Carlos Santos - Dia 11
Episódio IV por José Veiga de Faria - Dia 16
Episódio IV por Sílvio Gama - Dia 21
Episódio VI por Carlos Marinho - Dia 26
FIM