Daniela Gonçalves - Professora do Ensino Superior (Ver +)
Título: Os professores fazem parte do problema e da(s) solução(ões)
Apesar de se falar incessantemente sobre a profissão de professor, quer seja pela questão da diversidade que faz parte da instituição escolar, quer pelos desafios que agitam o quotidiano da mesma, os professores nem sempre aparecem como facilitadores de mudanças, gestores de incertezas, que enfrentam os riscos e o imprevisível.
O consecutivo discurso sobre a profissão e do que se espera dos seus profissionais, não se tem traduzido em maior qualidade de ensino, nem em maior autonomia na sua prática letiva.
Considero que os professores não são o problema, nem a solução. Fazem parte do problema e da solução.
Decorrem alterações profundas no seio da escola. Aliás, esta é uma variável constante em educação, bem como a cultura de resignação.
Nem sempre se cultiva a autocrítica na profissão docente.
Nem sempre se faz da escola um espaço de confronto de determinismos sociais.
Reconhece-se como evidente que é mais eficaz promover uma escola de sucesso, em vez de combater o insucesso da escola.
Há um discurso circular acerca deste assunto, nas salas dos professores, nos colóquios, nos trabalhos publicados, que não tem contribuído para solucionar o problema. Por vezes, apontam-se hipóteses de caminhos, outras vezes não passam de desabafos. As soluções que se têm mostrado mais pertinentes são aquelas que nasceram no seio das escolas e que partiram de professores que não se resignaram.
O conhecimento pedagógico e o conhecimento das didáticas, da avaliação, dos instrumentos de ensino, dos métodos e formas, nem sempre são os mais adequados a um ensino em contexto de diversidades da tecnologia organizacional.
Hoje, a escola continua a ser um espaço multicultural e plural.
Hoje, na escola ainda há intenções e realidades não coincidentes.
Hoje, na escola existem professores que percebem que a melhor forma de competir é através da cooperação; educam para a compreensão e para o discernimento; encontram a melhor forma de utilizar a informação como benefício; acautelam um sentido de responsabilidade individual e coletiva na educação e no sucesso dos alunos; compreendem a construção de práticas pedagógicas colaborativas, que conduzem o aluno às aprendizagens.
Hoje, na escola reclamamos tempo para discutir estratégias de ensino que melhorem as aprendizagens dos seus alunos.
Ainda nos debatemos com o desafio da educação no século XXI, uma dinâmica de inclusão ... Ainda nos debatemos para encontrar um sentido educativo no que está fora da escola...
Espero que não haja dúvidas: somos parte do problema e da(s) solução(ões).
Ousemos encontrar ações/soluções contextualizadas para os problemas reais que encontramos. Sabemos que uma quota parte da responsabilidade é nossa.
Faremos (ainda mais) a diferença quando a assumirmos.