Alexandre Trocado - Professor de Matemática (Ver +)
Título: Estado da Educação: A escola actual cumpre com o seu papel? Prepara para o séc XXI?
Em novembro de 2017 abordei esta temática num artigo do Clube. Passados dois anos voltamos a ter novos indicadores que reforçam a ideia que a escola actual não cumpre com o seu papel de preparar os jovens para a sociedade actual.
Segundo as recentes notícias o parque informático nas escolas portuguesas está envelhecido e a ligação à internet é débil. Em média um computador é partilhado por 7,4 alunos.
Se pararmos para pensar um pouco, podemos questionar como seria a sociedade actual sem a tecnologia? Provavelmente muitas profissões não existiriam e outras teriam uma configuração próxima do século passado.
Quantas são as profissões que actualmente não utilizam tecnologia e internet?
Em 2020 teremos o ano da entrada nas nossas vidas do 5G e todas as implicações que esta pequena inovação poderá ter na nossa sociedade. Prevê-se também o início de uma frota de táxis 100% autónomos, os robô-taxis da Tesla para além da implementação de uma rede de satélites que irão disponibilizar ligação à internet ultra rápida mesmo nos locais mais inacessíveis.
E o que se faz na educação? Continuam-se a lecionar os mesmos conteúdos e praticamente da mesma forma, como nos anos 80. Nem mesmo as recentes ideias de autonomia e flexibilidade curricular conseguem alterar significativamente o estado da educação.
A preparação para o séc. XXI pressupõe que os futuros adultos enfrentarão no mercado de trabalho, robots, inteligência artificial, drones, automação e 100% de digitalização.
Estarão os jovens preparados para enfrentar esta nova sociedade?
No caso da Matemática, em Portugal, o retrocesso tecnológico induzido pelos Programas e Metas Curriculares do Ensino Secundário sofreu um revés através possibilidade da utilização da calculadora gráfica em 100% do Exame Nacional de 2020. Apesar de se tratar apenas da utilização de uma calculadora gráfica esta pequena alteração provavelmente influenciará o dia-a-dia levando a que, em todas as aulas, seja mais frequente o uso da calculadora gráfica.
No entanto ainda nos encontramos muito longe de aulas que utilizem verdadeiramente o pensamento matemático e a tecnologia do séc XXI. O uso e implementação de algoritmos numa linguagem de programação e o reforço da lógica durante a implementação desses algoritmos poderiam ser ideias complemente inovadoras e que levariam à resolução de problemas realmente úteis para a sociedade actual.
Mas nem tudo está perdido. Há ainda a esperança que as sugestões do Grupo de Trabalho de Matemática levem à elaboração de um programa para a disciplina que a torne realmente útil e prepare os jovens para a sociedade do séc.XXI e não XIX.