Título: O Dia das Mentiras
Episódio I por Gonçalo F. Gouveia - Dia 1
Como bastas vezes sucede, tudo começou de forma inocente. Era o Dia das Mentiras e Aníbal Agapito, veterano das salas de aula e experimentadíssimo explicador de matemática, estava ‘agastado’ – como costumava dizer, o que lhe valera o cognome de Agapito Agastado. Apesar de ser Domingo de Páscoa, apesar de ter avisado vezes sem conta, apesar de ter implorado ao Senhor que o deixassem em paz, pelo menos neste dia, um dos seus discípulos – Agapito agastava-se com o termo ‘explicandos’ porque lhe recordava que a sua tarefa jamais terminaria – insistia, por telefone, em pedir-lhe um “esclarecimento urgente”. Como se qualquer esclarecimento não fosse urgente, considerando o que as cabeças dos seus discípulos tinham – ou por outra, não tinham – dentro! Irritadíssimo, afastou o telefone do ouvido e revirou os olhos, procurando acalmar-se antes de responder. E foi esse passeio ocular, associado ao dia do calendário e a um impulso obscuro, que desencadeou a resposta que iria correr tão mal: “Meu rapaz, compreenda, não sou o professor Agapito, sou o irmão, e lamento informar que o professor Agapito faleceu agora mesmo.”
Episódio II por José Carlos Pereira - Dia 6
Episódio III por Francisco Fernandes - Dia 11
Episódio IV por José Veiga de Faria - Dia 16
Episódio V por Sílvio Gama - Dia 21
Episódio VI por Carlos Marinho - Dia 26
FIM