Contos de 3º Grau por José Carlos Pereira - 2ª parte do Dia das Mentiras

História 27

Título: O Dia das Mentiras

Episódio I por Gonçalo F. Gouveia - Dia 1

Como bastas vezes sucede, tudo começou de forma inocente. Era o Dia das Mentiras e Aníbal Agapito, veterano das salas de aula e experimentadíssimo explicador de matemática, estava ‘agastado’ – como costumava dizer, o que lhe valera o cognome de Agapito Agastado. Apesar de ser Domingo de Páscoa, apesar de ter avisado vezes sem conta, apesar de ter implorado ao Senhor que o deixassem em paz, pelo menos neste dia, um dos seus discípulos – Agapito agastava-se com o termo ‘explicandos’ porque lhe recordava que a sua tarefa jamais terminaria – insistia, por telefone, em pedir-lhe um “esclarecimento urgente”. Como se qualquer esclarecimento não fosse urgente, considerando o que as cabeças dos seus discípulos tinham – ou por outra, não tinham – dentro! Irritadíssimo, afastou o telefone do ouvido e revirou os olhos, procurando acalmar-se antes de  responder. E foi esse passeio ocular, associado  ao dia do calendário e a um impulso obscuro, que desencadeou a resposta que iria correr tão mal: “Meu rapaz, compreenda, não  sou  o  professor Agapito, sou o   irmão,   e lamento informar que   o  professor Agapito faleceu agora mesmo.”

Episódio II por José Carlos Pereira - Dia 6

Ser dia 1 de Abril era a desculpa ideal para a mentira que acabara de contar. Afinal já perdera a missa, algo impensável para um católico cumpridor das suas obrigações cristãs, e ainda por cima a sucessão de telefonemas que estava a receber naquele dia eram seguidos de perguntas idiotas:

- “Professor, 1 + 1 é igual a 2? Porquê?”

- “Mestre, 1 é um número primo?”

- “Como se calcula o perímetro de um quadrado?”

Agapito estava cansado e irritado, ou como ele gostava de dizer estava “piurso”! Como é que alunos na fase final do secundário, prestes a enfrentar um exame, lhe estavam a fazer este tipo de perguntas? Todo o trabalho que desenvolveram ao longo dos anos não tinha servido para nada? Tudo lhe parecia um absurdo, ou estava a ter um pesadelo ou os seus discípulos estavam a ser malandros. Afinal era o dia das mentiras! 

Episódio III por Francisco Fernandes - Dia 11

   

Episódio IV por José Veiga de Faria - Dia 16

Episódio V por Sílvio Gama - Dia 21

Episódio VI por Carlos Marinho - Dia 26

FIM 

 
Publicado/editado: 06/04/2018