Curiosidades sobre o matemático alemão Karl J. Herbert Seifert (1907 – 1996)

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Karl Johannes Herbert Seifert (1907 – 1996) foi um matemático alemão.

Herbert Seifert fez importantes contribuições para a topologia e para a teoria dos nós.

Aos dezoito anos Seifert ingressou na Technische Hochschule em Dresden para estudar matemática e física. Na altura William Threlfall era um Privatdozent nesta universidade e Seifert foi seu aluno. Threlfall transformou Seifert num apaixonado pela topologia; tornaram-se amigos e colaboradores matemáticos. Note-se que Seifert era vinte anos mais novo que o seu amigo e professor. 

Era prática comum para estudantes alemães passarem algum tempo em várias universidades diferentes e Seifert passou parte do ano letivo de 1928-29 na Universidade de Göttingen. Naquela época, Göttingen era o principal centro de matemática do mundo, por isso, foi uma boa escolha para Seifert. Mais do que isso, além de líderes mundiais em matemática como Hilbert, contava com alguns dos principais topólogos do mundo. Hopf era um Privatdozent em Göttingen e tinha acabado de voltar de um ano emocionante em Princeton com Aleksandrov. Durante o tempo de Seifert em Göttingen, Aleksandrov foi um dos visitantes o que apenas aumentou o conhecimento e paixão de Seifert pela topologia. 

Seifert doutorou-se um mês depois de escrever uma tese sobre manifolds tridimensionais fechados .

Nesta altura, Seifert foi premiado com uma bolsa de estudos da Technische Hochschule para permitir que continuasse a estudar para um doutoramento em filosofia. Seifert escolheu usar a bolsa para frequentar a Universidade de Leipzig, onde foi orientado por van der Waerden. Embora esta fosse a posição oficial, na verdade Seifert voltava a Dresden todos os fins de semana e trabalhava com Threlfall, tendo sido certamente Threlfall um orientador não oficial.

Seifert e Threlfall publicaram vários livros em conjunto, mas foi o seu segundo livro conjunto em 1938, a monografia Variational calculus in the large, um texto sobre a teoria de Morse que deu mais polémica. O livro foi aceite por Blaschke para a série de monografias de Hamburgo, mas os dois autores tiveram problemas com uma epígrafe em latim que desejavam colocar no início. Uma citação de Kepler (traduzida):

“Hoje é muito difícil escrever livros de matemática.”

Blaschke, que concordava com as ideias nazistas, opôs-se, alegando que parecia uma declaração política e, claro, a intenção era essa. É notável que Threlfall e Seifert tenham arriscado as suas posições ao insistir que a inscrição permanecesse. Ganharam o caso, a inscrição apareceu no livro quando publicado, e Blaschke escreveu uma carta a Seifert expressando a sua fúria por a citação não ter sido excluída.

Quando a guerra começou, Seifert ofereceu-se para o trabalho de guerra no Institut für Gasdynamik, que era um centro de pesquisa ligado à Força Aérea Alemã. Este foi um movimento inteligente pois Seifert pôde continuar com a investigação matemática durante a guerra. Nesta altura Seifert, de licença da Universidade de Heidelberg, tornou-se chefe de um departamento no Institut für Gasdynamik e trouxe Threlfall para junto de si ao nomeá-lo para o seu departamento.

Seifert trabalhou em equações diferenciais e escreveu uma série de artigos sobre o assunto durante os anos de guerra. No final da guerra, a Universidade de Heidelberg foi fechada, para que os Aliados removessem os nazis da equipa. Seifert foi um dos poucos professores aceitos pelos Aliados e voltou à universidade quando ela reabriu em 1946. 

 

Fonte: https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Seifert/

 

Por Adília Marinho

Publicado/editado: 27/05/2022