Intersecções por Daniela Gonçalves - 2019: possibilidades para uma outra Educação

Eixos de Opinião de janeiro de 2019

Título: 2019: possibilidades para uma outra Educação

Um novo ano se avizinha. Não é bem um ano novo para os professores e para as instituições educativas, mas antes a continuação de um ano letivo que já está em velocidade cruzeiro. Não obstante, é um tempo de formular desejos, (re)pensar em projetos, (re)equacionar hipóteses, preencher espaços e tempos de esperança ativa. 

Neste sentido, eis 19 possibilidades para uma outra Educação. Estes são alguns dos meus desejos. 

1.º Que toda a educação promova um espírito livre, democrático, pluralista, aberto e dialogante, remetendo-nos para a concretização de um ideal de comunidade educativa como um meio de desenvolvimento integral do estudante, apostando na formação e desenvolvimento humano, social, cultural, cognitivo e cívico.
2.º Que a prática do professor procure a criação de um ambiente escolar que promova o desenvolvimento cognitivo e desencadeie outras dimensões do desenvolvimento. 
3.º Que a prática docente não seja fruto do uso de instruções, criadas por outras pessoas, aplicadas como uma fórmula única que resolve diferentes problemas, mas, sim, criada a partir da reflexão sobre as próprias práticas docentes e da discussão sobre o ensino. 
4.º Que a reflexão docente seja necessariamente uma prática social, realizada entre pares, para que possa ser profícua. 
5.º Que o ambiente formativo possa favorecer o desenvolvimento profissional docente, bem como este, por sua vez, pode também ser favorecido por meio de contextos coletivos, permitindo enfrentar os possíveis problemas de modo coletivo, possibilitando uma discussão dos saberes, das ações e a construção de um processo de saber trabalhar coletivamente.
6.º Que os dilemas quotidianos próprios do exercício da docência possam constituir não só um desafio para quem reflete acerca deles na busca da sua superação, como também uma fonte muito profícua para o desenvolvimento profissional docente, culminando, assim, num processo de mudanças quanto às crenças docentes, e sobre decisões e ações tomadas, bem como aos próprios saberes e conhecimentos que podem ser (re)construídos e (re)significados durante este processo.
7.º Que o docente seja auxiliado a refletir sobre sua prática, a compreender as bases do seu pensamento e a (re)significar as suas teorias, tornando-se um investigador da sua ação, podendo modificá-la com mais propriedade. 
8.º Que a qualidade e a excelência assumam como novos paradigmas de uma escola que se abre aos seus "clientes futuros": as universidades e as empresas. 
9.º Que a escola com qualidade seja aquela que promove o progresso de todos os alunos em todos os aspetos do seu rendimento e aproveitamento, para além do que se podia esperar, dada a sua situação inicial e o seu aproveitamento anterior, assegurando que cada aluno consiga o maior sucesso possível e continue a melhorar de ano para ano.
10.º Que a escola remeta assim para o princípio da equidade: uma escola só é eficaz se o for para todos os alunos e para cada um(a). 
11.º Que a escola promova essencialmente o saber pensar e o saber perguntar, encontrando vias de concretizar aprendizagens sustentáveis - aprender implica uma apropriação integrada dos conhecimentos conceptuais, procedimentais e atitudinais, que permita atribuir sentido e significado à realidade, para poder agir adequadamente e para continuar a aprender. 
12.º Que o professor desenhe/apresente/proponha estratégia(s) mais adequada(s) à construção efetiva do conhecimento, numa perspetiva colaborativa, investigativa e reflexiva, que implica (1º) partir de um contexto pessoal e social significativo – situação problemática e seu questionamento; (2º) adquirir, mobilizar, relacionar e (re)criar o maior número de conhecimentos pertinentes – disciplinares e interdisciplinares – na investigação e resolução dos problemas; (3º) avaliar e refletir sobre os processos desenvolvidos e os resultados atingidos. 
13.º Que seja o tempo de construir um modelo de avaliação de desempenho docente que seja consistente e consciente, porque os professores querem (e precisam de) ser avaliados, mas de uma forma que os dignifique como pessoas e como Educadores que decidiram servir a sociedade e que, incessantemente, estão (devem estar) disponíveis para aprender, desaprender e reaprender.
14.º Que a escola que compreenda e inclua também as exceções, amplie visões, abra horizontes, sendo desafiante, interessante e comunicante.
15.º Que os alunos aprendam a pensar e a gostar de aprender. 
16.º Que os alunos se sintam felizes a aprender. 
17.º Que a escola promova uma transformação social positiva.
18.º Que a educação seja uma prioridade em todo o mundo. 
19.º Que cada um de nós se implique na construção de um mundo melhor.

Publicado/editado: 08/01/2019