Daniela Gonçalves - Professora do Ensino Superior na ESE de Paula Frassinetti e Investigadora na Universidade Católica Portuguesa, Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano, Portugal (Ver +)
Título: Diferenciação pedagógica como imperativo
A diferenciação pedagógica é um imperativo que não serve apenas este tempo de ensino à distância. Apesar disso, num tempo extraordinário como este, sem diferenciação pedagógica é quase impossível fazer aprender, envolver os alunos num processo com significado(s) e sentido(s).
Os professores devem por isso repensar o seu papel e o dos seus alunos.
Devem ainda reequacionar a forma de organização do trabalho pedagógico, a natureza das tarefas a propor e, mesmo, a gestão dos momentos de participação dos seus alunos. Não será tarefa fácil, mas é certamente urgente.
Vários são os dispositivos de diferenciação pedagógica que devem estar alinhados como o método de ensino e com os diferentes modos de aprender.
A diferenciação pedagógica não é uma proposta viável, mas antes um imperativo. Partindo do princípio que a escola hodierna é orientada por princípios de equidade e de direito de todos à aprendizagem, colocar em prática a medida universal mais utilizada – a diferenciação pedagógica - é exigente, em particular para o docente, tendo em conta a necessidade de requerer um conhecimento profundo de todos os alunos. Isto significa que é um processo que implica tentativas e erros, estando associado à complexidade inerente de qualquer processo, o que exige um cuidado especial à uma das etapas de intervenção educativa muitas vezes “desprezada”: a planificação.
Consideramos, pois, não ser possível desenvolver práticas de diferenciação pedagógica que contribuam para efetivas aprendizagens para os alunos pensadas sobre o momento e, portanto, surgidas ao acaso e de forma espontânea. A diferenciação pedagógica implica intencionalidade.
A diferenciação pedagógica implica “antevisão”.
A diferenciação pedagógica implica planificação.
Deste modo, é necessário escolher em que momentos a diferenciação pedagógica deve ocorrer, de que tipo selecionar – diferenciação de conteúdos, diferenciação de processos, diferenciação de resultados/produtos – , sustentando as razões/decisões. Estas decisões devem estar associadas e dependentes dos objetivos de aprendizagem e das especificidades – do contexto, dos alunos e do professor.
Diferenciar significa dar resposta à heterogeneidade de alunos. Diferenciar significa respeitar e permitir percursos de aprendizagem personalizados.
Diferenciar significa saber onde chegar, admitindo que nem todos chegam aos mesmo tempo e do mesmo modo.
Diferenciar significa assim o reconhecimento de
i) formas diversas de pensar e de estabelecer relações com (o) conhecimento;
ii) diferenças socioculturais – muito evidente neste tempo educacional;
iii) diferenças psicológicas.
A diferenciação pedagógica é, portanto, um imperativo.