Daniela Gonçalves - Professora do Ensino Superior (Ver +)
Título: Liderar, a arte de capacitar pessoas
No início, ainda estudante, eu queria a liberdade só para mim, as liberdades transitórias de poder passar a noute fora de casa, ler o que quisesse e ir aonde me aprouvesse. Mais tarde, durante a juventude em Joanesburgo, ansiava pelas liberdades básicas e honrosas de realizar o meu potencial, ganhar a minha vida, casar e formar família: a liberdade de não enfrentar obstáculos vivendo dentro da lei. Mas fui vendo, aos poucos, que não só eu era livre, como também os meus irmãos e irmãs o eram (...) foi então que a minha fonte de liberdade individual se tornou uma fonte maior de liberdade do meu povo.
Foi esse desejo de liberdade do meu povo para viver com dignidade e respeito próprio que deu ânimo à minha vida, que transformou o jovem temeroso numa pessoa de coragem (...)
Nelson Mandela
Lideramos pessoas. Valorizamos (ou não) pessoas. É importante perceber que liderar não é uma posição. Liderar é uma arte de capacitar pessoas que acaba por se tornar uma escolha. E, de certo modo, S. Kierkegaard tinha toda a razão quando afirmava que ao escolher, escolho-me.
Todos os seres humanos são dotados de um potencial e de uma capacidade imensos e quase infinitos que podem ser ampliados investindo nos (atuais) talentos e dons de cada um/a. Não obstante, o cenário cultural/social contemporâneo facilita uma espécie de vida (de trabalho) medíocre, onde o tempo passa por nós e nós não temos a capacidade de marcar o tempo. Ficamos, deste modo, muito aquém do nosso potencial.
A fonte de riqueza está sempre nas pessoas. Claro que contam os equipamentos, as condições, os espaços, mas não são decisivo(a)s.
Decisivo é a pessoa na sua totalidade.
Se aceitarmos que cada um de nós pode sempre escrever a sua história e que temos o poder inato de reconfigurar/reescrever/reequacionar aquilo que nos inspira e a valorizar as pessoas, a liderar, capacitando as pessoas e a nós próprios, então desenvolvamos respostas às perguntas “quando” e “como”, apontando sempre para o Norte (finalidade), desenvolvendo gradualmente uma autoridade. Deste modo, os outros confiarão em nós e, se nós os respeitarmos de verdade, valorizando e reconhecendo, alcançaremos uma visão interdependente/comum, o que significa ampliar e aprofundar o nosso serviço.
Este é o tipo de liderar como arte de capacitar pessoas.
É o tipo de liderar que inspira muitos outros e só aparece quando colocamos o servir acima do de nós próprios.
É o tipo de liderança inspirador de Mandela.
É quando colocamos a questão: qual a minha/nossa contribuição?
Quiça será a verdadeira fonte do tão desejado sucesso.