Daniela Gonçalves - Professora do Ensino Superior na ESE de Paula Frassinetti e Investigadora na Universidade Católica Portuguesa, Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano, Portugal (Ver +)
Título: Precisamos de tempo(s)
Os desafios estão aí. Os professores estão aí. Professores, alunos, pais (e sociedade em geral) estão a necessitar de um mergulho de otimismo e de esperança ativa...
Estamos todos a necessitar de tempo; tempo marcado por nós e não um tempo que nos acelera e que nos faz passar pelas coisas sem as compreender. De tempos independentes e interdependentes. De tempos de reflexão/ação. De tempos de estabelecer critérios, de partilha, colaboração e cooperação, mesmo com todas as contrariedades resultantes (também) da pandemia.
Tempos onde se distingue o essencial do acessório. Tempos de discussão/debate de ideias. Tempos de discernir e separar o trigo do joio.
Tempos de procura... sim, porque educar pressupõe uma procura constante.
Tudo isto tendo como pano de fundo os contornos (complexos) da(s) realidade(s) de hoje.
Portanto, é urgente continuar a investir numa escola que identifica e gera oportunidades de qualidade.
Uma escola que permite a descoberta de talento(s).
Uma escola que se preocupa com a aprendizagem e se coloca constantemente do lado de quem recebe.
Uma escola que procura fundamentar a sua ação em pedagogia que funcionem para estes alunos. Uma escola que promove a cultura, o conhecimento, o respeito, a vontade de SABER e de SER ... inteiro.
Por isso, apesar de se falar incessantemente sobre a profissão de professor, quer seja pela questão da diversidade que faz parte da instituição escolar, quer pelos desafios que agitam o quotidiano da mesma, os professores nem sempre aparecem como facilitadores de mudanças, gestores de incertezas, que enfrentam os riscos e o imprevisível.
O consecutivo discurso sobre a profissão e do que se espera dos seus profissionais, não se tem traduzido em maior qualidade de ensino, nem em maior autonomia na sua prática letiva. Considero que os professores não são o problema, nem a solução. Fazem parte do problema e da solução.
Na escola de hoje existem professores que percebem que a melhor forma de competir é através da cooperação; educam para a compreensão e para o discernimento; encontram a melhor forma de utilizar a informação como benefício; acautelam um sentido de responsabilidade individual e coletiva na educação e no sucesso dos alunos; compreendem a construção de práticas pedagógicas colaborativas, que conduzem o aluno às aprendizagens.
Hoje, na escola reclamamos tempo para discutir estratégias de ensino que melhorem as aprendizagens dos seus alunos.
Ainda nos debatemos com o desafio da educação no século XXI, uma dinâmica de inclusão. Ainda nos debatemos para encontrar um sentido educativo no que está fora da escola...
Espero que não haja dúvidas: somos parte do problema e da(s) solução(ões).
Ousemos, portanto, encontrar ações/soluções contextualizadas para os problemas reais que encontramos.