Daniela Gonçalves - Professora do Ensino Superior na ESE de Paula Frassinetti e Investigadora na Universidade Católica Portuguesa, Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano, Portugal (Ver +)
Título: Vale a pena correr riscos….
“Todas as manhãs a gazela acorda sabendo que tem que correr mais veloz que o leão ou será morta. Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deve correr mais rápido que a gazela ou morrerá de fome. Não importa se és um leão ou uma gazela: quando o Sol desponta o melhor é começares a correr” (Provérbio Africano, Mia Couto – A Confissão da Leoa).
Esta citação desafia-nos a procurar “soluções”. Somos desafiados a correr. Não se trata de ignorar os constrangimentos/problemas. Ao invés, trata-se de compreender e aceitar que, inicialmente, a esperança é tudo o que temos. Da primeira vez que experienciamos algo, há a oportunidade, uma espécie de esperança do que poderá ser. Trata-se de uma espécie de promessa: as nossas expectativas ficam reduzidas (apenas) à oportunidade que surge.
Já num momento posterior, a expectativa começa a ficar alinhada com a realidade, isto é, começamos a entender como funciona o processo e, aqui, a esperança começa a ser substituída por uma (pre)visão do resultado possível.
Planos novos dão-nos esperança.
Estratégias novas parecem apresentar-se como mais apelativas.
Todos temos que lidar com constrangimentos/problemas/contrariedades. Teremos sorte?
A sorte importará?
Sabemos bem que a sorte pode importar – significa estar no sítio certo, à hora certa e com as pessoas certas. Esta sorte que aqui vos falo está associada àquilo que nos alimenta – os nossos hábitos. Os hábitos são provavelmente aquilo que mais (e melhor) controlamos e a única estratégia de (auto)aperfeiçoamento. É a nossa capacidade de nos focarmos naquilo que somos efetivamente capazes de controlar. Portanto, o foco, o êxito, a “solução” depende muito daquilo que alimentamos, diariamente. Parafraseando Arquíloco, “não nos elevamos ao nível das nossas expectativas, caímos para o nível do nosso treino”.
Eis a importância que devemos (co)alocar na consistência do processo.
Eis a importância de criar hábitos consistentes que nos conduzam a ideia e à prática de que vale a pena correr riscos.
E vale a pena correr riscos, por nós e pelos outros. Vale a pena correr riscos connosco e com os outros. Vale a pena correr riscos e ter a capacidade de enfrentar a “solução” encontrada. Vale a pena correr riscos interpretando e assumindo a previsão do(s) resultado(s) possível(veís).
Vale bem a pena correr riscos. Vamos a isso!? “(...)quando o Sol desponta o melhor é começares a correr”.