Linhas e Pontos por Carlos Marinho - Bons Mo(vi)mentos

A vida é cheia de bons momentos e de bons movimentos. Se reunirmos estas duas palavras, falamos de bons mo(vi)mentos! Nos dias complexos que vivemos, mexer faz bem à saúde. Andar e correr é o melhor remédio. É a melhor forma de pormos a correr o covid-19. Proteger a nossa saúde passa por praticar desporto, nem que seja simplesmente andar.

 

Por estes dias decorreram os campeonatos da europa em pista coberta, na Polónia. Portugal teve uma prestação brilhante, com 3 medalhas de ouro, com três títulos nos Europeus de atletismo de pista coberta de Torun, fechando a edição com um inédito segundo lugar no quadro de medalhas, logo atrás da Holanda, que obteve quatro ouros. O triplo sucesso luso na Polónia, através de Auriol Dongmo (lançamento do peso), Patrícia Mamona (triplo salto) e Pedro Pichardo (triplo salto), é mesmo o melhor registo de sempre da seleção lusa, que só tinha tido duas vitórias por uma ocasião, em 1996, em Estocolmo. Este feito recordou-me outro atleta de eleição, o meu amigo de escola Paulo Catarino, antigo atleta olímpico, natural de Matosinhos. Longe vão os tempos em que aproveitava todos os momentos para treinar, inclusive nas aulas de educação física no velhinho pavilhão da Escola Secundária Augusto Gomes. Durante a aula e principalmente no seu final dava múltiplas voltas ao pavilhão, quando todos os seus colegas estavam já no balneário. Correu e treinou com grandes figuras do atletismo, Rosa Mota, Carlos Lopes, António Pinto, Fernanda Ribeiro, entre outros. Faz parte de um lote restrito de notáveis deste desporto. Mais de duas décadas como profissional, participou nos Jogos Olímpicos de Seul 1988. Correu nos melhores clubes nacionais, no Benfica, no Porto, no Maratona entre outros clubes. Decorria o ano de 2018 quando Paulo Catarino concretizou um sonho. Devolver o atletismo ao maior clube da cidade, o Leixões S. C., assumindo o cargo de diretor da modalidade. Correr está-lhe no sangue, fazer com que outros corram, jovens e menos jovens era um dos objetivos de vida deste matosinhense.

 

Andar, correr, mexer-se é um dos hábitos que todos os portugueses devem assumir diariamente. Com todos os cuidados, cuidar do corpo e do coração é vital. A SPDMov – Sociedade Portuguesa das Doenças do Movimento, uma das importantes sociedades deste país, alerta que todos devemos de nos mexer. É a melhor solução para combater as doenças do movimento, como são as doenças de Parkinson e Huntington, que afetam milhares de portugueses. Nos próximos dias 10 e 11 de abril de 2021, a SPDMov realiza o seu Congresso Virtual Anual. No dia 11, pelas 10 horas, realizar-se-á um debate sobre a doença de Parkinson, neste dia que é o Dia Mundial da Doença de Parkinson. A Drª Ana Margarida Rodrigues (Neurologista), a Drª Ana Damásio (Neurologista), o investigador Tiago Fleming Outeiro e eu como matemático, falaremos de uma das doenças mais terríveis da nossa sociedade.

 

Vamos dar uma corrida à Covid-19. O movimento é vida! O momento é de resiliência. Vamos viver bons momentos e bons movimentos! Sozinhos vamos mais longe, juntos vamos mais longe. Assim salvamos a humanidade.

 

José Almada Negreiros no seu livro “Invenção do Dia Claro” escreveu:

 

“(…) quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade, já estavam todas escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade. 

– O pequeno é como grande. 

– O que está em cima é análogo ao que está em baixo. 

– O interior é como exterior das coisas. 

– Tudo está em tudo.”