Linhas e Pontos por Carlos Marinho - Srinivasa Ramanujan...

Eixos de Opinião de dezembro de 2018

Título: Srinivasa Ramanujan...

Srinivasa Ramanujan foi um matemático extraordinário que nasceu em Erode a 22 de dezembro, uma pequena localidade da Índia em 1887. Conta-se que a sua mãe era estéril mas era filha de um brâmane (significa "aquele que é versado no conhecimento de Brahman - a alma cósmica"). O brâmane (seu avô) terá rezado à deusa Namagiri e foi atendido. Na véspera do nascimento de Ramanujan, essa deusa apareceu à sua mãe e anunciou que o menino seria um homem extraordinário. E foi! Aos cinco anos entra na escola e coleciona admiradores com a sua impressionante inteligência. Parecia tudo saber o que lhe era ensinado. Ganha uma bolsa para o Liceu de Kumbakonam, onde desperta pasmo nos colegas e mestres. Os seus biógrafos escrevem que Ramanujan recitava aos seus colegas de escola os algarismos decimais do número pi. Com 12 anos já adorava trigonometria. Na adolescência começou a estudar sozinho séries aritméticas e séries geométricas calculando soluções de polinómios de terceiro e quarto grau. Com 15 anos foi brindado com uma inusitada prenda. Fala-se que lhe ofereceram um livro com mais de 6 mil teoremas, todos sem demonstração. Terá sido essa a sua formação básica. Mas não ficamos por aqui...

Entre 1903 e 1907 tomou uma decisão unilateral que mudaria toda a sua vida.  Parou com tudo o que achava supérfluo. Dedicou todo o tempo a investigar e a pensar matemática. Em 1912, instado por companheiros e amigos, decidiu partilhar os resultados obtidos com 3 notáveis matemáticos da época. Apenas o inglês Godfrey Hardy (considerado o mais promissor matemático) lhe terá respondido. Numa noite fez-se dia, após ter recebido a carta de Ramanujan e, tentado a deitá-la fora, decidiu no entanto, sentar-se com o seu amigo John Littlewood para a ler. Em bom tempo o fez. Puseram-se a decifrar 120 fórmulas e teoremas fabulosos que tinham recebido deste senhor desconhecido da India. Algumas horas bastaram para se aperceberem que estavam diante de um génio…da matemática.

Hardy ficou tão impressionado que decidiu divulgar e tornar pública a sua própria escala de valores que definisse o que era um génio matemático. Ramanujan era 100, 80 para David Hilbert, 30 para o seu amigo Littlewood e 25 para ele próprio. Chegou mesmo a comentar algumas das fórmulas enviadas e descobertas por Ramanujan quando com humildade referiu, "era forçoso que fossem verdadeiras, porque se não fossem ninguém poderia ter tido tanta imaginação para poder inventá-las".

Em 1914, Hardy convida Ramanujan para trabalhar consigo em Inglaterra, sendo o primeiro indiano a ser admitido na Royal Society de Londres e no Trinity College.

Conta-se aquando da sua estadia no hospital em Londres, Hardy terá ido visitá-lo. Em tom de brincadeira e para amaciar o momento, referiu a Ramanujan que tinha viajado num táxi cuja matricula era o 1729, um número sorumbático e insípido (ver mais em Curiosidade de Ramanajuan em baixo...).

Lamentavelmente, 3 anos após a sua chegada à capital inglesa viria a morrer, não resistindo a uma indómita e fulminante tuberculose. 

Publicado/editado: 10/12/2018