Linhas e Pontos por Carlos Marinho - A Matemática do Co(r)ne(tto)

Eixos de Opinião de setembro de 2018

Título: A Matemática do Co(r)ne(tto)

A matemática está presente nas mais pequenas coisas do nosso complexo planeta. Uma empresa que utilize a matemática com inteligência tem o futuro ganho. Um exemplo simples onde a matemática está implícita é na indústria dos gelados. É verdade! Como é que a matemática no seu estado mais puro pode estar ligada ao sabor doce e excepcional dos gelados.

A explicação é muito simples. Peguemos no caso dos gelados em formato de cones, os denominados cornettos. Pode-se fazer desde logo uma pergunta simples: porque razão os cornetos têm a forma de cone e não o formato de um cilindro?

A resposta a esta pergunta é bastante simples onde a matemática dá a resposta inequívoca. Imagine que o volume do cone, isto é, a quantidade de gelado que a empresa coloca num corneto é de 200 ml. Se o gelado fosse um cilindro, a quantidade de gelado colocado seria de 600 ml, a matéria prima gasta seria o triplo da colocada num cone. Parece impossível que um cone tenha um terço do volume de um cilindro com a mesma altura e a mesma base.

Mas é verdade, para calcular o volume de um cilindro, qualquer aluno de 11 anos sabe que deve calcular a área da base vezes a altura do cilindro. Recordo que a área do cilindro é uma circunferência cuja área é aproximadamente 3,14(...) (pi) vezes o raio ao quadrado. Logo, para saber o volume do cone basta dividir por 3 o resultado do volume do cilindro.

Percebe agora a razão agora porque as empresas de gelados fizeram o corneto na forma de cone e não de cilindro. Curiosamente, se retirar-mos à palavra “cornetto”, as letras  “r”, “t”, "t" e “o”, obtemos a palavra “cone”. Apenas uma curiosidade. Um gelado de cone que custe 1,20 euros, se tivesse a forma de cilindro teria de custar 3,60 euros, o que era caro. Agora imagine o que seria comer um gelado com o triplo de calorias. O que não faria ao nosso corpo. As empresas sempre a pensar no nosso bem.

A matemática explica, ensina, poupa. O matemático francês Jean-Pierre Serre refere que “quanto ao lugar da matemática em relação a outras ciências, a matemática pode ser vista como um grande armazém cheio de prateleiras. Os matemáticos colocam as coisas nas prateleiras e garantem que elas são verdadeiras. Eles também explicam como usá-las e como reconstruí-las. As outras ciências chegam e usam-nas em proveito próprio, os matemáticos não estão preocupados com o que elas fazem com o que tiraram.”

Aqui está a economia a “servir-se” docemente da matemática. Refira-se que este assunto é um conteúdo de 2º/3º ciclo, que pode ser explicado inicialmente desta maneira. Johannes Kepler disse “a geometria existe por toda a parte. É preciso, porém, olhos para vê-la, inteligência para compreendê-la e alma para admirá-la.”

Neste final de verão ou no futuro, quando estiver a comer um cone pense na matemática e, na felicidade de comer um delicioso e belo gelado mas com um terço das calorias...graças a quem?

À matemática, claro!

 

Publicado/editado: 10/09/2018