Linhas e Pontos por Carlos Marinho - Bailinho da Madeira
Eixos de Opinião de Maio de 2022
As escolas são os espaços mais importantes de um país. Nela se constrói o futuro, se define o presente sempre apoiado no (conhe)cimento do passado. Entre os dias 29 de abril e 2 maio e maio de 2022 tive o privilégio de revisitar a Ilha da Madeira. Do Caniçal ao Porto Moniz, temos inúmeras escolas fantásticas, onde pude estar com as pessoas mais importantes do país: os professores. Na realidade visitei 5 escolas da região. Em parceria com o Clube SPM, através de Adília Gomes (Coordenadora do Clube SPM) comecei por visitar logo no dia 28, a professora Zózima Afonseca da EBS de Machico com uma palestra para cerca de 200 alunos do secundário. Foi descer no avião e, realizar a primeira palestra. No dia 29 fomos à escola secundária Francisco Franco, no Funchal a convite da Professora Ana Paula Jardim com a presença do Jornal da Madeira. Duas sessões fantásticas de manhã para os alunos de 10º e 11º anos e de tarde, para os professores da Ilha da Madeira, com a presença da RTP Madeira. Foram momentos incríveis de boa disposição matemática. Pode ver aqui a reportagem.
Na segunda-feira, dia 2 de maio fomos até à Ribeira Brava, onde nos esperava a professora Márcia Temtem, da EB23 Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade, no Campanário, com uma sala super decorada com jogos, materiais e afins, tudo a ver com matemática. Estava tudo pronto para a realização de palestras memoráveis. E foi assim. Primeiro para 100 alunos do 2º ciclo e depois, para mais de 100 alunos do 3º ciclo. Alunos fantásticos. Professores notáveis. Pode ver aqui a reportagem do clube spm.
De tarde, pelas 14 horas deslocamo-nos à escola EB23 Dr. Horácio Bento Gouveia, da professora Sandra Gerardo. Foi uma sessão mais pequena, do aquela que realizámos online em 2021 para mais de 550 alunos. Mas foi, muito giro. Pode ver aqui a reportagem de 2021. Finalmente, sempre a correr fomos à EBS Gonçalves Zarco da professora Cláudia Durães. Muito bom. Alunos do secundário, grande auditório, mais de 250 alunos, por aí.
Cinco dias, cinco escolas. É sempre um prazer ir à Madeira. Já tinha estado por duas vezes na Universidade da Madeira, em 2019 e 2020, surgiu a oportunidade de visitar a ilha de novo. Com a promessa de regressar em breve. Surgiram novos convites, de outras escolas, das mesmas escolas, sinal de que gostaram do nosso trabalho. A matemática é uma disciplina que exige trabalho e competência. Mas, tem de ser ministrada com uma dose de boa disposição, uma boa comunicação, de forma a chegar aos corações e cabeça dos alunos. Sem esta magia, a matemática pode tornar-se um caso sério de perturbação, de declínio, sem chama, sem glamour. A matemática deve ser ensinada como uma ciência exigente, mas de forma divertida, explicada para que serve, para onde podemos ir com ela, como nos pode ser útil. A promessa será cumprida em breve, preparem-se que eu vou “entrar pela Madeira dentro”, de novo.
Nesta dança por todas estas escolas, algo de muito positivo ficou comigo. Estar com professores de matemática e de todas as disciplinas, com alunos interessados e ávidos de aprender, só pode ser positivo.
O cientista alemão e prémio Nobel da física em 1921 Albert Einstein dizia com sabedoria “tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações... receba essa herança, honre-a, acrescente-se a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos”. Eu estou como professor a fazer o melhor que sei para honrar tais palavras. Faço-o porque gosto de ser professor, porque tenho a certeza de que as pessoas mais importantes no nosso país são os professores. E, acredito que um dia, alguém, com força e poder vai restabelecer essa hierarquia e reposicionar o professor no lugar que merece. O Rei de Portugal D. Pedro II, apelidado de “o pacífico” dizia “se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”.
Pode dizer-se que estes dias foram um bailinho da Madeira.