Linhas e Pontos por Carlos Marinho - Guerra das Mensagens Encriptadas
Eixos de Opinião de Junho de 2021
Carlos Marinho - Professor de Matemática (Ver +)
Título: Guerra das Mensagens Encriptadas
Todos os dias diversos países no mundo são atacados. Com a evolução informática, os ataques às pessoas e instituições internas de qualquer país, põem em causa a estabilidade e funcionamento destes estados. Um desses países são os Estados Unidos da América. A todo o momento essas investidas são uma realidade diária. Talvez, por isso, os EUA investem rios de dinheiro, de dólares americanos na proteção da sua fortaleza. E como o faz? Com matemáticos, especialistas na área da informática entre outras áreas. Oficialmente, existem cerca de 5000 matemáticos a trabalhar diariamente na NSA. E o que fazem? Trabalham matemática, o melhor escudo de defesa de qualquer país desenvolvido. E que matemática é feita nestes espaços? Desde a teoria de números, quaterniões, números complexos, álgebra, geometria entre outras áreas desta ferramenta útil e invisível. Por que razão, um país desenvolvido investe tanto dinheiro em matemáticos? A razão é simples, por que são os únicos que conseguem dar respostas positivas e eficazes a problemas exógenos de ataques de outros países e grupos. Há quem diga que este número de matemáticos é escasso e, que oficiosamente sejam mais de 11000 a trabalhar nesta agência americana. Os EUA não regateiam esforços quando se fala da sua segurança interna. Um dos objetivos destes matemáticos é intercetar mensagens de todo o planeta que ponham em causa a segurança interna do país.
Mas não se pense, que este investimento em matemáticos por parte da maior potência mundial é recente e inovador. Na verdade, em 1941, pouco tempo depois de tomar posse, em maio de 1940, o primeiro-ministro Winston Churchill tinha em mente que a defesa britânica se devia fazer com matemáticos. Deu indicações ao seu chefe de gabinete para iniciar uma busca a matemáticos especialistas em decifradores de códigos, com fortes conhecimentos em línguas europeias. Numa espécie de casting, o chefe de gabinete deu seguimento às ordens do prémio nobel da literatura. O único candidato que se apresentou para a entrevista foi Peter Hilton, estudante de matemática que sabia um pouco de alemão. Como a oferta era inferior à procura, para o novo cargo, do governo inglês, foi contratado segundo um grande secretismo, ele próprio desconhecia as funções que iria desempenhar. A única coisa que sabia em todo o processo, era que era funcionário do Ministério das Relações Exteriores. Chegou a afirmar que “Computation involves going from a question to an answer. Mathematics involves going from an answer to a question.” A 12 de janeiro de 1942 apresentou-se ao serviço, na Hut 8, Bletchley Park, sem saber bem o que iria fazer. Um dia depois, Hilton ficou a saber qual era o seu verdadeiro trabalho: descodificar mensagens secretas alemãs criptografadas pelas famosas máquinas Enigma. Peter Hilton teve uma longa vida, viveu até os 87 anos. Chegou a afirmar que o período em Bletchley Park foi a parte mais emocionante da sua vida e carreira.
Os matemáticos adicionam, acrescentam qualidade nas mais diversas tarefas do nosso mundo, fazem a diferença em tudo o que tocam, multiplicam ideias, dividem os louros pela equipa, em suma, qualquer que seja a potência mundial onde desenvolvem o seu trabalho, a matriz é sempre a mesma, qualidade de trabalho.