Tiago Fleming Outeiro - Director of Department of Experimental Neurodegeneration Center for Nanoscale Microscopy and Molecular Physiology of the Brain - University Medical Center Goettingen (Ver +)
Título: O maior congresso de neurociências do mundo
Entre 19 e 23 de Outubro decorreu em Chicago, EUA, o congresso da Sociedade Americana de Neurociências (SfN). Este congresso, que acontece todos os anos nos EUA, reúne cerca de 30 mil investigadores na área das neurociências, de todo o mundo. As neurociências são uma área com tradição em Portugal, no passado, no presente, e no futuro. Tivemos o prémio Nobel de Egas Moniz nesta área, e temos tido grandes nomes, a nível nacional e internacional, como os Profs. Alexandre Ribeiro, o Prof. Fernado Lopes da Silva, a Prof. Catarina Oliveira, ou o Prof. Rui Costa, que representa toda uma nova geração de neurocientistas Portugueses, e que tem recebido enorme reconhecimento pelo seu trabalho.
O congresso da SfN representa uma oportunidade única para podermos trocar conhecimentos e planear colaborações e projectos com outros especialistas, em áreas mais próximas ou mais distantes e complementares daquelas em que trabalhamos. É uma óptima montra para a ciência que se faz na área, e para as pessoas que a fazem, sendo extremamente útil para investigadores mais juniores que estão em fases de transição nas suas carreiras, uma vez que podem conhecer investigadores mais seniores, com quem poderão trabalhar no futuro.
O congresso consiste em 5 dias intensos, com sessões paralelas de palestras desde as 8h até às 19h, com sessões de comunicações em poster numa sala gigantestca, e com inúmeros eventos sociais, em que pessoas com os mesmos interesses se reúnem no final do dia para, numa atmosfera mais informal, continuarem as suas conversas.
Tenho tido a oportunidade de participar neste congresso desde há vários anos, e confesso que me deixa um misto de sensações. Por um lado, torna-se um pouco impessoal, pois andamos num frenesim a correr de uma sala para outra, para ouvirmos as palestras que seleccionamos. Por outro, é uma oportunidade única para encontrar todos os colegas e especialistas que trabalham em neurociências, e assim trocar ideias e planear trabalho futuro.
Este ano o congresso foi em Chicago, como referi, o que para mim tem um significado especial. Foi nessa cidade Americana onde iniciei, há mais de 20 anos, muito do trabalho que tem sido desenvolvido ao longo da minha carreira, na área das doenças neurodegenerativa. A cidade tem muitas zonas bonitas, museus de qualidade, e Universidades com grande prestígio, como a Universidade de Chicago, ou a Universidade de Northwestern. Assim, foi possível juntar o útil ao agradável, e aprender um pouco mais de neurociência numa cidade que está guardada nas memórias do meu cérebro.