A Sociedade Portuguesa de Matemática começa por lamentar mais uma vez a eliminação das provas finais do 1.º e do 2.º ciclo, que constituíam um instrumento fundamental de monitorização da qualidade do sistema de ensino nacional. Estando em construção, na comunidade educativa, um amplo consenso quanto à ineficácia das provas de aferição do 2.º e do 5.º ano, a SPM apela à tutela para que restabeleça com urgência a existência de uma prova final do 4.º ano e outra do 6.º ano de escolaridade.
Com a revogação destas provas, deixou de existir nestes últimos quatro anos um qualquer indicador nacional que afira a qualidade da aprendizagem efetuada pelos alunos no final destes ciclos, fundamentais para a aquisição de conhecimentos e capacidades estruturais em Matemática, bem como de leitura, escrita e de capacidade interpretativa da língua portuguesa.
Esta falta de monitorização do nosso sistema é especialmente gravosa numa altura em que a implementação do projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular dá liberdade às escolas, professores e alunos de “construírem o seu próprio currículo” com grande autonomia e sem qualquer avaliação externa que meça a respetiva qualidade e eficácia, ou que identifique as assimetrias regionais e sociais que inevitavelmente não deixarão de ocorrer.
A prova de hoje, não contendo erros científicos, apresenta um grau de complexidade que fica aquém daquilo que seria esperado para alunos do final do 5.º ano. Por outro lado, avalia em diversas situações um mesmo conteúdo (como a área do paralelogramo ou o perímetro do retângulo) em detrimento de outros conteúdos importantes da Geometria do 5.º ano. Trata-se de facto de uma prova pobre em termos de conteúdos matemáticos.
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