Se e Só Se por José Carlos Pereira - Quem Espera Sempre Alcança ou Quem Espera Desespera?

Eixos de Opinião de Fevereiro de 2022

José Carlos Pereira - Professor de Matemática. Autor de Livros Escolares. Responsável pelo Site Recursos para Matemática e Autor do Canal no Youtube – MathSuccess Fátima (Ler +)


Título: Quem Espera Sempre Alcança ou Quem Espera Desespera?

Esperei quase até à última para escrever o texto deste mês, na esperança de ter alguma novidade. Nada. Até ao momento em que escrevo estas linhas, não sabemos nada sobre a eventual obrigatoriedade de realização das provas de Exame Nacional das diferentes disciplinas, isto é, se a classificação de cada prova realizada contará para a classificação final da disciplina ou se contará apenas para o acesso ao Ensino Superior. É uma questão importante que, por esta altura, já poderia estar esclarecida, mesmo tendo em conta a indefinição política que atravessamos.    

Em Novembro passado foram disponibilizadas pelo IAVE as Informações-Prova de todas as provas que serão realizadas este ano. Ficámos a conhecer o enquadramento conceptual e a saber que terão itens cuja resposta será obrigatoriamente contabilizada na resposta final, algo com que nos dois últimos anos nos fomos familiarizando. Não sabemos exactamente quantos itens desse tipo haverá em cada prova nem o seu peso. Apesar de considerar que já poderíamos ter essa informação, não considero que seja um problema relevante não a ter ainda. No caso da Matemática A, a disciplina que mais me interessa, não creio que a prova venha a ser muito diferente, estruturalmente, da do ano passado. No entanto, teremos de esperar para o saber. 

Estamos a cerca de cinco meses da época de exames. Nesta altura já tudo deveria ser claro. Os alunos e os seus professores já deveriam saber com o que contar. Ao fim de dois anos de Pandemia parece que ainda não aprendemos que devemos antecipar as decisões em vez de as adiar. 

Todos conhecemos dezenas de casos de alunos que estiveram confinados durante o primeiro período e, com as festas de final de ano e o surgimento da variante Ómicron, esse problema agudizou-se durante o mês de Janeiro. Alguns alunos confinaram mais do que uma vez, ou porque eles próprios ficaram infectados ou porque alguém do seu agregado familiar ficou. Há escolas que conseguem mitigar este problema, mas há outras que ainda não têm condições aceitáveis para que os alunos que estão em casa possam assistir às aulas – penso não ser só eu a ver aqui um problema de desigualdade. Vários alunos terão perdido aulas em que foram abordados temas essenciais, mesmo socorrendo-se dos apontamentos dos colegas há sempre uma perda quando o aluno não assiste à aula. Em Matemática a perda de conteúdos é especialmente problemática, dado o carácter cumulativo da disciplina.

Por tudo isto, espero que a decisão que venha a ser tomada seja célere. Independentemente dessa decisão, em minha opinião, as classificações das provas de exame deste ano deveriam apenas contar para efeitos de acesso ao Ensino Superior. 

 

Publicado/editado: 03/02/2022