Vida & Obra de Michael Freedman

Vida & Obra de...

Michael Hartley Freedman (nascido em 21 de abril de 1951) é um matemático norte-americano.

Pelos padrões da sua família, Michael Freedman pode ser considerado um pouco desleixado. A Fields Medal, a National Medal of Science e uma bolsa da MacArthur Foundation são muito boas, mas não apagam o facto de que ele concluiu o ensino secundário na idade avançada de 17 anos - quatro anos mais velho que o pai, Ben Freedman, e cinco anos mais velho que o tio, David Freedman. 

Freedman refere que a atmosfera familiar às vezes era um pouco intimidante mas muito estimulante e que adquiriu o gosto pela investigação matemática com o pai.

“I don’t think one in a hundred freshmen has any idea what a mathematician spends his time doing, but I did, because of my father.” 

No entanto, por sugestão da mãe, Freedman começou na faculdade da Universidade da Califórnia, Berkeley, com a intenção de se formar em arte. Depois de uma reunião improdutiva com o presidente do departamento de arte, Freedman decidiu formar-se em matemática. Por vir de uma família de prodígios, decidiu que poderia saltar o curso de cálculo do primeiro ano e disciplinas afins, matriculando-se diretamente em cursos de nível superior em álgebra abstrata, topologia e teoria da medida, uma decisão que influenciou a direção da sua pesquisa nos anos seguintes.

Freedman já era ambicioso. Refere sobre esta altura:

“I knew I had uneven abilities and I didn’t understand large swaths of mathematics. But I felt that in certain areas I could concentrate very well and see things other people didn’t see, and I thought that if I found the right problem, I could do something important in mathematics.”

Freedman recorda que a primeira aula que teve em Princeton foi com o professor Donald Spencer, que começou por dizer:

“Let S be the sheaf of germs of sections of a vector bundle.”

E que pensou logo para consigo:

”Well, good, I know what a vector is.”

Depois de se formar, Freedman assumiu cargos em Berkeley e no Institute for Advanced Study de Princeton antes de aceitar um emprego estável na Universidade da Califórnia, em San Diego.

Para Freedman mesmo que as quatro-variedades não possam ser visualizadas tão facilmente quanto as formas tridimensionais, elas são as suas favoritas, e chama ao quatro de "a dimensão mais interessante".

Refere ainda:

“Dimension four is exactly where geometry and topology are starting to tear away from each other, which leads to very beautiful and complicated subjects on both sides.” 

Em 1981, Freedman conseguiu usar a estrutura de Casson para produzir o que agora é considerado uma das pedras angulares da teoria das quatro-variedades. Em particular, o seu resultado provou a versão quadridimensional da famosa conjectura de Poincaré, um dos famosos problemas da matemática do século XX. 

“This version states, roughly speaking, that any compact four-manifold that can be gradually bent, contracted and expanded into a four-dimensional sphere is in fact topologically the same as the four-dimensional sphere.” 

A conjectura original permaneceu aberta até ser resolvida como sabemos pelo matemático Grigori Perelman, que recebeu a medalha Fields de 2006 pela sua demonstração. 

No início, Freedman relembra que os seus resultados pareciam bons demais para ser verdade e que levou várias semanas para se convencer que estavam corretos.

Freedman apresentou as suas descobertas numa conferência no verão de 1981. O matemático Robion Kirby, que estava na plateia, lembra-se de ter pensado:

“How did he ever get the nerve to make this announcement? Because he can’t be positive about this crazy argument.”

Eletrizado com o anúncio de Freedman, um grupo de matemáticos permaneceu no local da conferência por cerca de uma semana a analisar os seus argumentos e, no final da semana, chegaram à conclusão de que Freedman estava correto.

Este trabalho foi premiado com a Medalha Fields em 1986, e Kirby é convicto ao afirmar que o resultado foi:

“The single best piece of mathematics that I was aware of. Bar none.” 

Depois de alcançar este resultado marcante, Freedman decidiu voltar e preencher as lacunas na sua educação matemática. Refere:

“After I got the Fields Medal, I was viewed as somehow representing mathematics, and it was a little silly not to know any, so to speak."

Em 1997, Freedman aceitou um emprego na Microsoft e, desde 2005, que coordena a Station Q na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, um posto avançado da Microsoft dedicado à investigação em computação quântica topológica. A sua equipa está envolvida no desenvolvimento do computador quântico topológico.

Kevin Walker que colabora com Freedman comenta que estas observações autodepreciativas são típicas de Freedman:

“He is very generous with praise for other mathematicians. But if you try to pay him a compliment, he will quickly deflect it.”

Walker refere também:

“If you wanted a five-minute summary of a 60-page paper, I don’t know anyone better than Mike for saying, ‘Here are the core ideas of the paper.’” 

E acrescenta ainda:

“I don’t know many mathematicians who, late in their career, will decide to learn another field. Most mathematicians, once they become expert in something, stay there because they’ve invested a lot of time, and why go back to square one?”

Como curiosidade refira-se que Freedman é um ávido alpinista, e abundam as histórias das suas ousadas - mas sempre cuidadosamente consideradas - façanhas. Walker, que se juntou a Freedman nas suas muitas aventuras ao ar livre refere: 

“On at least three occasions I can think of, he has snapped tendons just by straining too hard. His outdoors personality is a mirror of his math personality, which is very tenacious. Climbing with him is very safe when it comes to things that might kill you, but when it comes to things that might make you cold or sore or uncomfortable, that doesn’t count much for him. He just proceeds with the goal of getting to the top.”

Deixamos o vídeo duma entrevista de apenas 4 minutos dada à ”Simons Foundation” em 2012. Michael Freedman foi entrevistado por Robion Kirby. Não perca!

 

Fonte: https://www.simonsfoundation.org/2013/11/12/michael-freedman/
              https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Freedman/ 
              https://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Freedman

Por Adília Marinho

Publicado/editado: 21/04/2021