Linhas e Pontos por Carlos Marinho

Eixos de Opinião setembro de 2014



 

Este espaço vai ser dedicado a aspectos simples da vida em contexto real, em que a matemática pode entrar como elemento surpresa. Em síntese, estas "linhas" terão como base "pontos" comuns da nossa vida, em que a objectividade da Matemática pode fazer compreender alguns "problemas" que vão surgindo em contexto real. Como afirmou Pitágoras, "Todas as coisas são números". Nesta rubrica tudo cabe... até a matemática.      

   

Carlos Marinho -  Professor de Matemática        



  

Artigo de setembro de 2014         

 

Título: A Medalha Fields... 



A Medalha Fields é um prémio concedido a matemáticos de todo o mundo com menos de 40 anos durante o Congresso Internacional da União Internacional de Matemática (IMU) que acontece de quatro em quatro anos. A Medalha Fields é conotada como o "Prémio Nobel dos Matemáticos". Este nome é uma homenagem ao matemático canadiano John Charles Fields, criador do prémio.

A medalha foi entregue pela primeira vez em 1936, aos matemáticos Lars Ahlfors (Finlândia) e Jesse Douglas (EUA). A grande finalidade é dar reconhecimento e apoio a jovens pesquisadores matemáticos que fizeram grandes contribuições para este campo da ciência. Este ano de 2014 fez-se história na matemática, uma mulher recebeu pela primeira este prémio. Maryam Mirzakhani de olhos azuis e cabelo curto que sonhava ser escritora, com origem iraniana mas residente nos EUA, tornou-se a primeira mulher a ser galardoada pelo seu trabalho em geometria complexa. O anúncio foi feito em Seul, no Congresso Internacional de Matemática 2014. Nunca na história da Medalha Fields (desde 1936) houve uma mulher premiada. Mirzakhani tem 37 anos e é professora na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos da América. Foi na adolescência que descobriu a paixão pelos números ao participar nas Olimpíadas da Matemática, onde ganhou várias medalhas de ouro. A vencedora da Medalha Fields é licenciada em Matemática pela Universidade de Tecnologia de Sharif, em Teerão, e tem uma pós-graduação em Harvard.

Em 2006, o matemático russo Grigori Perelman de 39 anos surpreendeu o mundo ao recusar receber a medalha e o prémio monetário. O russo vive com a sua mãe em São Petersburgo, cortou praticamente todos os contactos com os seus pares depois de propor uma solução para o complexo problema formulado em 1904 pelo francês Henri Poincarré. Perelman não quis receber o prémio em Madrid pelas mãos do ex-Rei de Espanha Juan Carlos. Mais tarde, Perelman referiu à revista "The New Yorker", as suas primeiras declarações públicas em muitos anos. "O prémio é-me completamente irrelevante. Qualquer pessoa entende que, se a demonstração estiver correcta, não é necessário nenhum outro reconhecimento", afirmou numa entrevista publicada na revista norte-americana.

A polémica ausência da matemática nos prémios Nobel nunca foi explicada. Todos os anos são atribuídos seis Prémios Nobel, um em cada uma das seguintes categorias: Literatura, Física, Química, Paz, Economia, Psicologia e Medicina. Estranhamente, a Matemática está fora desta lista. A razão desta distinta ausência tem sido objecto de muitas especulações. Dizem as más línguas que uma das mais comuns e infundadas razões para Nobel ter decidido não atribuir um prémio à Matemática tem a ver com uma mulher a quem ele se terá declarado para que fosse sua esposa ou amante. Ela terá recusado em detrimento de um matemático famoso. O sueco Magnus Gosta Mittag-Leffler é indicado como o culpado…

Publicado/editado: 10/09/2014