Entrevista a Paulo Azevedo - Ator, palestraste e autor

Clube Entrevista de Julho de 2020

A entrevista do mês 7, de julho de 2020 é ao ator Paulo Azevedo. Uma viagem desde a infância até aos dias de hoje, passando pela importância da escola. Atualmente, é uma inspiração para muitos, com intervalos reais, limitados, mas com volume e massajando áreas de grande importância. A vida é um sistema possível e determinado que deve ser vivido com qualidade, onde ser diferente não é ser inferior. Aqui fica a entrevista em pequenas divisões, que em conjunto vai até si nesta fatorização.

Como foi a sua infância?
A minha infância foi muito feliz. Rodeado de muito amor, dos meus heróis. Dos meus avós, da minha mãe e do meu pai. Fui uma criança muito feliz. Fazia o tipo de brincadeiras dos outros. Tinha um brilho no olhar, sabes, uma garra para superar todos os meus obstáculos que me apareciam no dia-a-dia. Era uma criança muito irrequieta e reguila, mas também muito feliz.

Quando teve a noção que era diferente das outras crianças?
Tive a noção que era diferente das outras crianças desde muito cedo. A minha mãe e a minha família sempre fizeram questão que eu soubesse ou que eu tivesse noção da minha realidade, que eu não tinha nem mãos nem pernas. Mas, que isso não era impeditivo de fazer a minha vida à minha maneira, coisas à minha maneira. Sempre tive a noção que era diferente, desde que me lembro de ser gente. Mas isso, não era sinónimo de ser inferior.

Como é que viveu a escola?
Ir para a escola foi uma grande vitória na minha vida. A minha família assumiu o compromisso de me dar o máximo de conforto possível. Eu entrei para a escola contra todos os prognósticos médicos, uma vez que refeririam que eu nem sequer me conseguiria sentar, quanto mais andar. Eu consegui andar com a minhas próteses. Eu na escola usava muito o humor para lidar com a minha diferença. Eu dizia que vinha de Marte, com unhas encravadas. As professoras diziam “Paulo queres falar? Pões o dedo no ar!”. Eu dizia, “ponho o quê? Não tenho dedo!” Eu usava muito o humor. A entrada para a escola foi um abrir de portas muito grande. Foi um novo mundo.

Como aluno gostava de matemática?
Se gostava de matemática? Não vos quero mentir. Eu não gostava de matemática. Não era muito bom aluno a matemática, confesso. Era mais da área das letras. Não era muito barra a matemática. Tenho pena porque a matemática é muito importante na nossa vida. É das coisas mais importantes. Mas eu não era um grande aluno a matemática, confesso.

Ser diferente não é ser inferior. Porque é que esta frase é importante para si?
Ser diferente não é ser inferior é uma frase muito importante para mim. Que me caracteriza.  Porque foi esses ideais que a minha família me incutiu. Todos nós somos diferentes. Uns têm uma perna maior que a outra, uma orelha maior que a outra. Eu rejo-me por essa frase todos os dias. Sou diferente, sim, mas não inferior. Consigo fazer as mesmas coisas que qualquer pessoa à minha maneira.

Entrou em jornalismo, mas seguiu a profissão de ator. Porque escolheu esta área?
Eu entrei em jornalismo na faculdade letras, mas eu já fazia teatro desde os 6 anos. A representação era já uma paixão enorme e depois o meu curso de jornalismo desiludiu-me um bocadinho e tomei a opção de ir trabalhar. Depois seguir para a área da representação. A representação era já uma paixão para mim. Eu já fazia teatro desde muito cedo e tive de arriscar, claro.

Qual foi o papel que mais gostou de representar como ator?
Todos os papéis. Mas o primeiro, a primeira novela tem um sabor especial. Foi o sabor da conquista. Foi o Raimundo da novela “Podia acabar o mundo”. Foi o papel que mais me marcou. Não pela intensidade da personagem, nem pela dificuldade da mesma, mas por ser o primeiro papel em televisão.

Realiza ações de coaching e palestras motivacionais e empreendedorismo nas quais fala da sua experiência e como das fraquezas faz a força que o tornou um profissional realizado e sem as barreiras que a sua aparência e limitações físicas poderiam causar. Quer explicar-nos um pouco este tipo de ações?
As ações que faço a nível empresarial. Foi algo que surgiu sem eu escolher. Às vezes não somos nós que escolhemos o sonho, é o sonho que nos escolhe. Comecei a ir às escolas falar sobre o meu primeiro livro “Uma vida normal”. Comecei a perceber que estava a falar sobre a minha vida. A mensagem era forte e positiva. Comecei a levar as palestras mais a sério no momento em que fui estagiar com o treinador José Mourinho, no Real Madrid. Aí, eu especializei-me em motivação de plantel. Foi aí, que percebi que podia levar mais além a nível profissional. São palestras de superação e motivação em que conto uma história de heróis, heróis reais.

O dom de saber falar bem e pensar, ajudou-o a seguir em frente. Como?
Sim, o dom de falar bem ou pensar bem ajudou-me a seguir em frente, claro. As palestras é uma história real, mas têm de ser elaborada, trabalhada. Acho que o dom da comunicação é muito importante, quer para criar empatia entre as pessoas, quer para tu te expressares, os teus ideais.

A sua família o que representa para si?
Para mim é tudo. São as bases, é o porto de abrigo, dos meus filhos, agora. É onde eu me recarrego todos os dias, quando tudo parece impossível. O expoente máximo de tudo é a família.

É representado pela agência Brain Artistas. São uma segunda família para si?
A Brian é uma família, nomeadamente, o Miguel funciona como um irmão, quase. A Brain é uma família. Por vezes, sou chato em termos de atenção ou de trabalho e, eles estão sempre de braços abertos para me ajudar. Para me receber. Sem dúvida. Grande pergunta.

O matemático Alfred Rényi disse um dia que “quando estou infeliz trabalho em matemática para ficar feliz. Quando estou feliz, trabalho em matemática para me manter feliz”.  O que te faz feliz?
Faz-me feliz o sorriso dos meus filhos, o abraço do meu avô, o beijo da minha mãe, da minha avó. As coisas simples da vida. Um pôr de sol, uma paisagem. Mas o que me faz mesmo feliz é o amor. 

Publicado/editado: 01/07/2020