Entrevista a Fifó - Jogadora de futsal da Selecção Nacional e do S. L. Benfica

Clube Entrevista de Maio de 2019

Fifó (Ana Sofia Gonçalves), jogadora de futsal da Selecção Nacional e do S. L. Benfica é a entrevistada do clube spm de maio de 2019. Este é o "lançamento" de uma entrevista sem “faltas” de interesse, com “fintas” entre a infância, a escola e as aulas de matemática, com “passes” assertivos pela Seleção Nacional e o S. L. Benfica e alguns “remates” certeiros entre o futebol e a matemática. Fica o “resultado” da entrevista...

Como foi “jogada” a tua infância?
A minha infância foi passada a jogar futsal, sempre com os meus amigos, era a única rapariga naquele grupo de amigos que gostava de jogar futsal. Tinha algum jeito e os rapazes sempre ficavam picados com isso. Depois comecei a jogar federada pelo Carnide Clube, também com rapazes, onde estive uns 4 anos. Joguei também pela Quinta da luz, 2 anos até à época 2012/2013, e desde então estou no Benfica, faz 7 anos. 

Onde surgiu o nome de Fifó?
Desde pequenina que a minha família me começou a chamar de Fifó, e desde então assim ficou. Penso que seja um diminutivo de Sofia. No mundo do futsal sou mais conhecida como Fifó e penso que acentuou bem.

Gostas de matemática?
Não. Nunca fui uma aluna muito boa a matemática, tirava notas razoáveis, dava para passar mas a matemática nunca foi das disciplinas que me chamasse à atenção, talvez também pelas dificuldades que tinha. 

Acabaste o 12º ano. E agora?
Acabei o 12 ano em Gestão Desportiva. Agora espero continuar os estudos na faculdade na área de desporto.

Porque escolheste o futsal em detrimento do futebol de 11?
A dinâmica do jogo, é preciso ser inteligente. O futsal joga-se muito com a cabeça também, é claro que a técnica é importante mas saber ler bem o jogo é meio caminho andado. O futsal é uma modalidade única e penso que se designa pela sua intensidade. 

O teu número da camisola é o nove. Porquê?
É o meu número favorito. Sempre achei que é o meu número da “sorte”. 

Como foi ganhar os Jogos Olímpicos da Juventude, na Argentina?
Adorámos estar na Argentina. Foi uma experiência única para todas nós. Deram-nos ótimas condições e encontrámos pessoas fantásticas. Embora o fuso horário seja diferente conseguimos adaptar-nos muito bem. Para mim pessoalmente termos conseguindo o ouro foi um misto de sentimentos e emoções, principalmente sentimento de dever cumprido e de satisfação. Foi um orgulho enorme poder estar a representar o meu país e lutar para podermos tornar o futsal uma modalidade olímpica. Sem dúvida que para mim também foi uma experiência diferente de todas as outras e uma experiência única que levarei comigo para sempre. Ainda hoje estou muito feliz e muito orgulhosa de todas nós conseguirmos este feito histórico para Portugal e para o futsal feminino. Foi e é sem dúvida um sentimento inexplicável!

Marcaste 21 golos na Argentina onde se inclui os 4 golos da final frente ao Japão. Como foi?
Para mim todos os golos que marcámos ao longo da competição foram importantes na nossa caminhada. Se não fosse assim nem tínhamos conseguido chegar à final. Passo a passo fizemos a nossa caminhada. Mas não escondo que fiquei muito contente por conseguir ajudar a minha equipa e o meu país a chegar ao ouro. Nunca me vou esquecer de tudo o que vivemos na Argentina. 

Foste nomeada no top 10 para melhor do mundo no Futsal Awards 2018. Grande momento…
Sim, um grande momento! Fiquei muito contente, senti que todo o trabalho estava a ser recompensado, mas não quero ficar por aqui, quero mais! Não estava à espera de todo estar nomeada no meio daqueles nomes importantes para o futsal feminino, sem dúvida são todas jogadoras de grande qualidade e que elevam o futsal feminino. 

És jogadora do Benfica. Como foi essa escolha?
Foi uma escolha fácil. O Benfica é um clube enorme com uma grande instituição, que nos dá condições de trabalho e que trata todos os atletas bem. 

Recentemente o Benfica ganhou a Taça de Portugal. Como defines mais essa vitória?
A melhor palavra para definir qualquer título nosso é Trabalho. Muito trabalho e muita dedicação. Todas quisemos muito e continuamos a querer! Essa é a chave para nos mantermos no topo. 

Apesar da tua juventude, apenas 18 anos, já tens um currículo considerável…
Sim, sei! Cada vez que ganhamos mais e alcançamos mais, mais pressão e mais responsabilidade temos, mas é uma responsabilidade boa, de fazer mais e  melhor. O meu sonho no futsal claramente que é ser a melhor jogadora do mundo. Espero conseguir estar no mesmo nível durante muito tempo. Porque chegar ao topo é fácil, difícil é manter-se lá e é um dos meus grandes objetivos também.

A tua família apoia-te na concretização deste sonho de jogares futsal?
Nem tenho palavras para a minha família! A minha família apoia-me em qualquer decisão minha. Toda a minha família me apoia muito no futsal, eles sabem que o que eu realmente gosto é de jogar futsal. Tentam sempre que conseguem estar presentes em todos os momentos mais importantes para mim. E é por eles que vale a pena fazer este esforço também, pelas pessoas que gostam realmente de nós e que nos querem bem. 

O matemático Alfred Rényi disse um dia que "quando estou infeliz trabalho matemática para ficar feliz. Quando estou feliz, trabalho matemática para me manter feliz". O que fazes para ser feliz e te manteres feliz?
O que me faz realmente feliz é isto. Jogar futsal, a competição, o trabalho. Tudo isto me faz realmente feliz, e é o que me dá mais gozo fazer. Sou uma sortuda, felizmente a minha caminhada tem sido mais momentos felizes que tristes e espero que assim continue.

Por Carlos Marinho

 

Publicado/editado: 01/05/2019