Bola ao Centro por Bruno Leite

Nova Rubrica

    


Para um jornalista desportivo, o contacto com números faz parte da rotina diária. De uma forma ou de outra, a matemática é indissociável do desporto, da escrita. No fundo, neste mundo eles são a base de tudo e estão em todo o lado: os números" 


Dia 5 de cada mês 

Bruno Leite - Jornalista do Jornal A Bola  


Artigo de Setembro 2012  

Título: É tudo uma questão de números


A decisão do FC Porto em extinguir a sua equipa profissional de basquetebol causou estranheza aos mais distraídos e perplexidade à sua massa associativa, mas não apanhou de surpresa quem já fazia contas à probabilidade de esta medida ganhar tornos mais sérios. Os rumores ganharam força com o tempo e os azuis e brancos subtraíram a equipa sénior à sua secção de basquetebol, deixando o principal campeonato da modalidade substancialmente mais fraco.

Nos grandes clubes, as modalidades de pavilhão aproveitam quase sempre o embalo que lhes é dado pelo desporto-rei, o futebol. No FC Porto, pese embora tivesse os seus próprios patrocinadores, o basquetebol profissional sustentava uma parte importante do seu orçamento com receitas provenientes do futebol. Para os menos familiarizados com estas contas, digamos que um clube como o FC Porto, que todos os anos procurar criar equipas que lutem por títulos, gasta entre 1,5 e 2 milhões de euros por época. Números, sempre eles, pouco condizentes com realidade actual.

Ora, se não existe nenhuma linha a separar estes dois pontos, torna-se natural que a crise financeira que assola o desporto das massas se reflicta nas modalidades, sendo que, nesta equação, é o basquetebol que ganha relevo. Houve quem defendesse que o FC Porto extinguiu a sua equipa profissional de basquetebol para poder pagar mais a alguns dos seus futebolistas mais importantes, nomeadamente Hulk, que, como se sabe, foi recentemente vendido por 60 milhões de euros. Desta quantia, entram nos cofres portistas cerca de 40 milhões. Um encaixe incrível nos tempos que correm, portanto.

Se no poupar está o ganho, o FC Porto nada ganhou com a extinção da sua equipa profissional de basquetebol e ainda perdeu o seu maior activo em termos futebolísticos. As contas saíram furadas ou, no fundo, uma coisa nada tem a ver com a outra? Seja como for, é tudo uma questão de números.


Publicado/editado: 05/09/2012