O
título pode parecer redutor ou simplesmente banal, mas aquilo que está na sua
origem não o é, de todo. Mas a conta é fácil de fazer e foi mesmo este o espaço
temporal que separou Portugal do título europeu no mais recente Campeonato da
Europa de hóquei em patins, que decorreu no passado mês de Setembro, em
Lordelo, Paredes.
Com
um pavilhão a abarrotar de gente e emoções fortes, Portugal e Espanha mediam
forças, pela enésima vez, com uma Europa inteira a ver. Sustentado num saldo de
golos melhor que o espanhol, nem seria preciso pegar na máquina de calcular
pois um empate chegaria a Portugal para reassumir o trono do Velho Continente.
O 4-4 que parecia definitivo foi desfeito a seis segundos do fim. Tal como
desfeito ficou também o sonho português.
Seis.
Um número que, tridimensionado, se torna do(s) Diabo(s). E foi mesmo. A linha
recta que a selecção portuguesa desenhou rumo ao título tornou-se,
repentinamente, numa equação quase humanamente impossível de resolver. Porque
seis segundos se esfumam no tempo sem darmos conta. Num duelo destes, de
probabilidades tão pouco exactas, o mais inofensivo dos números pode fazer toda
a diferença.
Parafraseando
Narciso Miranda na sua recente e interessantíssima entrevista ao Clube de
Matemática, «o que prevemos, as consequências do que fazemos e sobretudo a
avaliação daquilo que os outros pensam daquilo que nós realizamos são tudo
fórmulas matemáticas que têm de ser analisadas com muito rigor e com um grau de
exigência elevado. Quem não o fizer falha». Infeliz e dramaticamente, um
pequeno grande erro de cálculo impediu que se escrevesse mais uma página de
ouro no desporto português.