Armindo Araújo, piloto profissional, bicampeão do mundo de ralis de produção é o nosso
convidado do mês de janeiro. Nasceu e cresceu no Porto (Santo Indefonso), na
atulidade corre em todo o mundo. Nos raios desta conversa revela-nos a paixão
pelas corridas, onde a régua e o esquadro têm de fazer parte de uma profissão
integral. Noutras corridas fala-nos dos seus tempos onde acelerava na escola
passando tangentes à matemática, mas o motor da entrevista é centrada nas
provas, não de matemática, mas nos bólides que ultrapassam todos os
limites. Fica aqui a entrevista sem excessos de velocidade... Como foi a sua infância?
Nasci
no Porto, em Santo Ildefonso. Foi uma infância normal, sempre com muito gosto
pelas bicicletas, pelas motas, pela adrenalina. Não sou uma pessoa muito ligada
ao futebol, inclinei-me sempre mais para os desportos motorizados.
A sua escola primária. Aos dez anos como era o pequeno
Armindo?
Era um aluno normal. Estive num colégio
de freiras desde os meus 3 anos de idade até aos 14, no colégio Santa Teresa de
Jesus, em Santo Tirso.
E como aluno...
Fui
um aluno de altos e baixos. Tive anos em que era uma aluno médio/alto, outros
anos não tão bons, mas digamos era um aluno aplicado e médio.
Gostava de matemática?
Para
ser sincero, não era a minha disciplina preferida, mas gostava de matemática.
Não era o melhor aluno, nem o pior, era um aluno mediano.
E a tabuada sabia-a de cor?
Sempre fui um aluno desenrascado. Sabia, claro.
Como se iniciou o gosto pelas corridas?
Sempre gostei desde muito novo pela adrenalina, pelos despostos
motorizados. Numa primeira fase, fui fazendo algumas corridas amadoras em
termos de motas induro. Mais tarde, passei para o campeonato nacional,
fazendo alguns campeonatos, onde ganhei alguns títulos. No ano de 2000, por
brincadeira, decidi fazer um rali, as coisas correram bem e, até hoje, segui
uma carreira profissional no mundo dos automóveis.
E o próximo ano, como está a preparação?
Estão em cima da mesa alguns projetos. Várias hipóteses se colocam.
O período não é favorável em relação aos patrocínios que financiam as corridas.
A economia não é favorável, é uma ano difícil para todos, mas vamos fazer as
melhores escolhas.
Que contas/matemática faz quando vai a uma grande
velocidade...
Nós pilotos, estamos formatados
para andar o mais rápido possível, para sermos rápidos a tomar decisões. No
caso dos ralis, o meu navegador vai ditando as notas, temos de assimilar o
mais rápido possível e fazer bem feito. Logo, é preciso fazer um trabalho de
casa bem feito, uma boa preparação, sempre em equipa.
Como é feita a preparação de um piloto profissional?
Acima de tudo uma boa preparação física associada à concentração
necessária de tirar boas notas, desde o reconhecimento das provas ao muito
trabalho ao nível da afinação dos carros e dos pisos que vamos encontrar. Tudo
isto tem de ser realizado com o máximo cuidado possível. Só assim, podemos ser
os mais rápidos.
Análise estatística utilizam...
Sim, analisamos a morfologia do terreno, os tempos feitos no ano
anterior, o tipo de pneus mais adequado a cada prova, realizamos muita análise
substanciada sempre em números. O nosso engenheiro é um elemento fundamental, também
ele tem muito trabalho, ao reunir elementos necessários para a corrida. Muitos
testes são feitos para termos o melhor carro, nas melhores condições possíveis.
Em termos físicos, o Armindo Araújo prepara-se como?
Curiosamente, quando corria em motas, o treino físico era muito mais
agressivo. No caso dos carros, temos de ter também muita preparação, uma boa
condição física para podermos reagir mais rápido. Todos os dias me preparo para
estar ao melhor nível possível.
E 2013?
Vai ser uma ano
difícil. Vou fazer competição, ainda não decidi, se vou voltar às motas ou
continuar nos carros. No caso das motas, é um projeto que tem vindo a tomar
forma. Estou concentrado em fazer uma época um pouco diferente daquela que
tenho feito nos últimos anos.
Por Carlos Marinho