Contos de 3º Grau por Filipe Oliveira- Fim do Episódio do Projecto

Fim do Episódio - 10º

Contos de 3º Grau por Filipe Oliveira- Fim do Episódio do Projecto

Contos de 3º Grau...

Clube de Matemática SPM


                             

         1ª - José V. Faria       2ª- Sílvio Gama        3ª - Paulo Correia      4ª-Carlos Marinho     5ª-José C. Santos        6º- Filipe Oliveira


O Projecto (Comente o episódio no facebook do clube spm)

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1ª Parte por José Veiga de Faria - Dia 1

Naquela manhã de Dezembro, chuvosa, ventosa e fria, o João tomou o autocarro para a Faculdade com o pensamento agitado. Na sua cabeça fervia um turbilhão de pensamentos: falta de dinheiro, família cheia de problemas, questiúnculas em casa…     
Definitivamente tinha de dar uma ajuda. Pegou no telemóvel e ligou para a Marta, colega de Gestão (ele era aluno de Engenharia de Gestão Industrial), que já lhe tinha relatado problemas semelhantes e a quem reconhecia imaginação, iniciativa, capacidade de realização e com uma grande rede de conhecimentos.     
- Marta! É o João. Lembras-te da nossa conversa?     
-  Claro! Mas pareces agitado…     
- Tenho duas ou três ideias para projetos de empresas pequenas que podemos lançar em part-time. Com engenho e força ajudamo-nos a nós e às nossas famílias.     
- Eu alinho e ponho-me já em campo. Vou falar a duas ou três pessoas e encontramo-nos às cinco no bar da minha Faculdade. Está bem para ti?     
- Ya… Força nisso então.


2ª Parte  Sílvio Gama - Dia 6

À hora combinada, o João encontrava-se com a Marta que se fazia acompanhar pela Teresa, do curso de Informática, e Jóni, um guitarrista de uma banda rock local. Após as apresentações e as cortesias usuais, os quatro cafés e as respetivas natas com canela, os três ouviram, com entusiasmo, a proposta do João, que parecia ir de encontro às expectativas de todos. 

Rapidamente, aquela proposta evoluiu, com os contributos de todos, para a proposta deles.    
- Óptimo estarmos todos em sintonia, meus! Vamos para a minha garagem, onde costumo ensaiar com o grupo e lá, tranquilamente, vamos escrever o nosso projecto. 
Ao chegarem ao destino, foram recebidos por Micas, um rafeiro adoptado por Jóni. 

Os cinco entraram na garagem.


3ª Parte por  Paulo Correia - Dia 11

Em poucos dias, a Teresa divulgava nas redes sociais o apoio aos “cavalheiros enduvidados”. De todas as hipóteses de apoio aos senhores (românticos e inseguros) que queriam fazer uma surpresa à sua cara metade, a mais requisitada parecia ser a “serenada personalizada” –  Jóni não tinha descanso na adaptação de temas e execução às serenatas. A Marta e o João tratavam das formalidades da empresa e do contato com os clientes e a Marta ainda se divertia a ajudar na escolha de perfumes e flores.

Até o Micas ajudou num serviço, em que entregou, com sucesso, um cesto com um anel num jardim público...   

Tudo corria bem até ao dia em que Jóni foi fazer uma serenata à senhora Margarida Reis, na travessa dos Moinhos, às 21:00 horas, de acordo com o estabelecido... o problema é que a Margarida tinha sido apaixonada pelo próprio Jóni na juventude, e como era natural, o noivo de Margarida não fazia ideia, quando contratou o serviço. O próprio Jóni nem se lembrou da Margarida até ela aparecer à janela... qual era a probabilidade de uma coisa destas acontecer?


4ª Parte por Carlos Marinho - Dia 16

Margarida Reis era uma professora de Matemática na casa dos 30 anos, muito pretendida pela sua beleza e inteligência. Daí, a justificação do noivo dela, Pedro Coelho, um promissor político querer fazer-lhe esta surpresa. O casamento seria dia 30 de junho.  
- Jóni, o que fazes aqui? Perguntou Margarida.  
- Vim fazer uma surpresa (serenata). Faço parte de uma empresa…  
Ao lado de Margarida surge uma linda criança com uns 8 anos que o interrompe pela simples presença.  
Jóni ao olhar para aquela criança estremeceu dos pés à cabeça. Não compreendia aquele choque...  
Margarida do alto da janela, percebendo a sua inquietude, qual Julieta para Romeu, referiu numa voz doce mas afirmativa:  
- Esta é a tua filha Matilde!  
Jóni deixou cair a guitarra sem conseguir dizer uma palavra, ajoelhando-se de seguida. Em segundos, lembrou-se quando era completamente apaixonado por Margarida mas tinha-a abandonado em nome de uma carreira de músico. Estava em choque…  
Segundos depois, surge outra criança à janela igual a Matilde a perguntar:  
- Mãe, o que se passa?  
Era Beatriz, a gémea de Matilde...


5ª Parte por José Carlos Santos - Dia 21

O Jóni ficou em estado de choque enquanto a Margarida falava com as gémeas.

- Estão a ver aquele senhor? – disse ela – Conheci-o há uns anos, antes de vocês nascerem.

A Marta, que normalmente nem acompanhava o Jóni nestas serenatas mas que, desta vez, tinha ido, não compreendia o que se estava a passar. Em poucas palavras, ele explicou-lhe a situação e ela ficou sem saber o que dizer. Entretanto, a Matilde e a Beatriz já tinham parado de falar com a mãe e esta pôde então perguntar:

- Jóni, porque é que me vieste fazer uma serenata?

- Olha, porque o teu noivo me contratou para isto. Espera um instante.

O Jóni baixou a cabeça, concentrou-se e, ao fim de alguns instantes de silêncio, voltou a erguê-la e começou a cantar ao mesmo tempo que tocava guitarra. Tocou uma música lindíssima e arrebatadora que deixou estupefactas a Margarida, a Marta e todos os vizinhos que por ali passavam. Assim que terminou, virou as costas e foi-se embora, acompanhado pela Marta.

- Vamos – disse ele – tenho muito em que pensar.


6ª Parte por  Filipe Oliveira- Dia 26 - Fim do Episódio

O  Jóni começou a descer a rua, afoito. Seriam mesmo suas filhas? Esta história não fazia o mínimo sentido.  A idade das meninas poderia eventualmente bater certo, mas a verdade é que se lembrava, pouco tempo depois de terminar o namoro, que a Margarida, então com 21 anos, terminou logo a seguir o curso e foi estagiar sem qualquer percalço, o que teria sido impossível se estivesse grávida. E ainda por cima de gémeas... 
 Jóni Bigud, ma man, que cara é essa?
Era  o Cantiflas, um amigo punk de Jóni, que vivia naquele bairro.
 É pá, ó Cantiflas, nem imaginas, acabei de descobrir que sou pai. De duas gémeas!
 Não stresses! Não me digas que também te tentaram vender essa história? Foi aquela prof. de Matemática?
 Sim! O que sabes sobre isso?
 Bem, já acusou metade do bairro de ser o pai das meninas. Na verdade, elas nem sequer são filhas dela, são umas primas afastadas que estão de visita.
 Que cena! Mas por que faz ela isto?
 Dizem que enlouqueceu. Depois de ter rompido com o Kilas...Lembras-te dele?
 O mau da fita?
 Pois, o mau da fita! Essa é boa! Grande Jóni Bigud, sempre a gozar! Olha pá, Feliz Natal e não penses mais nisso!  
 Feliz Natal Cantiflas, e obrigado!
E lá foi o Jóni. Com o cantante na mão, e com o alívio que se seguiu ao susto que apanhou, resolveu ir a tocar rua abaixo.
«Gingando pela rua, ao som do Lou Reed, sempre na sua, sempre cheio de speed, segue o seu caminho, com m&%$S na algibeira, o Chico Fininho, o freak da cantadeira...»



 

 
Publicado/editado: 26/12/2013