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Distâncias (quase) infinitamente grandes e distâncias (quase) infinitamente pequenas estão intrinsecamente relacionadas no Universo de que fazemos parte e que aos poucos vamos tentando conhecer melhor. Nesta rubrica escreverei algumas palavras, e números (!), sobre o Universo que vemos quando olhamos para um céu estrelado numa noite límpida. Uma modesta contribuição para ajudar a reflectir sobre a nossa posição no contexto cósmico.
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Durante os meses de dezembro e de janeiro uma constelação é proeminente na metade sul do hemisfério celeste visível de Portugal: a constelação de Oríon, o caçador gigante da mitologia grega. A constelação de Oríon é visível no centro da imagem seguinte, que representa parte do céu visível a partir de Portugal continental quando se olha para o céu na direção do Sul, às 22h30 do dia 13 de janeiro.
Crédito: Imagem obtida com o Programa Stellarium
As estrelas Sirius e Procyon, visíveis na imagem à esquerda de Oríon, pertencem respetivamente às constelações de Cão Maior e Cão Menor. À direita e para cima de Oríon está a constelação do Touro, identificada facilmente pelo conjunto de estrelas que formam uma figura aproximadamente triangular. Continuando um pouco mais para cima e para a direita, encontramos um conjunto mais compacto de estrelas, as Plêiades. No pedaço de céu ilustrado pela imagem encontram-se 40% das estrelas que fazem parte do top 10 das estrelas mais brilhantes visíveis no céu noturno: Sirius, que é a estrela que ocupa o primeiro lugar do top, Rigel, Procyon e Betelgeuse que são as estrelas que fecham o top 10.
Durante este ano, um outro objeto celeste brilhante é vizinho de Oríon: o planeta Júpiter. Júpiter que, na tradição mitológica grega, com a designação de Zeus, foi o responsável por colocar o caçador gigante no céu, sob a forma de uma constelação!
Especificamente nesta data de 13 de janeiro (data de publicação deste texto), também a Lua, quase toda iluminada, se junta a este conjunto de joias celestes.
Quase escondidos da vista desarmada, há grandes tesouros guardados em Oríon e nas constelações vizinhas. Revelados em todo o seu esplendor através de potentes telescópios e em diferentes comprimentos de onda, que vão desde a radiação rádio até aos raios-x, encontram-se verdadeiras maternidades de estrelas. Em breve faremos uma visita visual a essas locais, onde as estrelas são jovens ou estão em fase de formação.
Bom ano de 2014!
P.S. Se o caro leitor tiver oportunidade e se as condições atmosférica deixarem, dê uma olhadela ao céu durante os próximos meses, genericamente na direção do Sul, e verá a constelação do gigante caçador e as suas vizinhanças. Note que dependendo da hora a que observa o céu, Oríon aparece como na imagem acima (se a observar virado para Sul), aparece inclinado para a esquerda (se observar Oríon no quadrante Sueste) ou inclinado para a direita (se observar Oríon no quadrante sudoeste).