![]()
Distâncias (quase) infinitamente grandes e distâncias (quase) infinitamente pequenas estão intrinsecamente relacionadas no Universo de que fazemos parte e que aos poucos vamos tentando conhecer melhor. Nesta rubrica escreverei algumas palavras, e números (!), sobre o Universo que vemos quando olhamos para um céu estrelado numa noite límpida. Uma modesta contribuição para ajudar a reflectir sobre a nossa posição no contexto cósmico.
Daniel F. M. Folha - Professor Auxiliar do Instituto Superior de Ciências Saúde – Norte (ISCS-N), Coordenador de Projectos e Protocolos do CIENCEDUC – Educação para as Ciências (Departamento de Ciências do ISCS-N), Investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP)
Crédito: ESO (www.eso.org/public/images/eso0848a/)
Com o Natal à porta abundam
as árvores de Natal nas ruas, nos espaços comercias e nas casas dos portugueses,
sobretudo para o deleite dos mais jovens. Dada a capacidade do ser humano em
ver, ou imaginar, formas conhecidas em todo o lado, não é de espantar que
também no espaço se imagine uma “árvore de Natal” cósmica. O gás brilhante em
tons de vermelho dão forma à “árvore”, sendo as bandas de poeiras que o
atravessam e as estrelas que o salpicam as suas decorações!
Esta “árvore de Natal” cósmica é visível na sua magnificência apenas através de telescópios e corresponde a um conjunto de estrelas jovens formando uma estrutura que em astronomia se designa por enxame aberto. A este enxame em particular, está associada uma nuvem molecular gigante. As nuvens moleculares são os locais do espaço interestelar onde se formam estrelas, constituindo-se como verdadeiras maternidades de estrelas.
Situadas a
aproximadamente 2600 anos-luz da Terra, a grande maioria das muitas centenas
estrelas do enxame Árvore de Natal têm idades inferiores a cerca de 10 milhões
de anos, ou seja menos de 0,3% da idade do Sol, sendo por isso um exame de estrelas
muito jovem (nenhuma daquelas estrelas existia ainda quando os dinossauros
foram extintos da face da Terra há cerca de 65 milhões de anos). Na realidade,
para além das estrelas já formadas, e visíveis na imagem acima, muitas outras
se encontram ainda em formação naquela região do espaço, envoltas por densas nuvens
interestelares de gás e poeiras que impedem a sua identificação em luz visível.
Se o leitor preferir o enxame da Árvore de Natal observado em radiação infravermelha, aqui fica a mesma região do céu, mas obtida com o telescópio espacial
Spitzer.