Gestão em Linha por Vasco Pinho

Eixos de Opinião janeiro de 2014



                 


A Gestão faz parte do nosso dia a dia, seja no trabalho, no ensino, ou em nossa casa, em cada atividade praticamos a gestão, procurando afetar os recursos adequados e mínimos para realizar com sucesso uma determinada tarefa. A matemática trouxe enormes contributos à gestão permitindo criar técnicas de planeamento e controlo na utilização dos recursos. Nesta rubrica iremos procurar trazer situações conexas com esta “Linha” que une Gestão à Matemática. A grande ascensão verificada nos preços dos combustíveis líquidos fomenta variadas interrogações. Neste contexto, impera esclarecer os motivos que estão na base de tais preços, bem como nas suas oscilações. 

Vasco Pinho -  Auditor da Autoridade Tributária e Aduaneira; Vereador independente na Câmara Municipal de Matosinhos; Formador, na área da Gestão, em diversos cursos de formação contínua e de Pós-graduação na FPCEUP e na Universidade do Porto.


Artigo janeiro de 2014                

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Título: Capital Humano - Desafio para Portugal

A análise do tema “Capital Humano” tem vindo, gradualmente, a ganhar espaço em Portugal. De facto, é crescente a perceção de que o know-how, o engenho e as competências são ativos decisivos na estratégia de desenvolvimento de qualquer sociedade moderna. 

Ainda assim, assistimos constantemente a notícias que demonstram um desinvestimento nesta área pelo nosso Governo. Nestes últimos dias, por exemplo, fomos confrontados com a descida brutal dos apoios estatais à concessão de bolsas de investigação a investigadores de doutoramento e de pós-doutoramento. 

A verdade é que este é apenas mais um sinal da pouca valorização do capital humano por parte do Estado. De acordo com os dados disponíveis quanto a esta matéria, verifica-se que em Portugal só aproximadamente 45% dos jovens (25 - 34 anos) conclui o ensino secundário e apenas cerca de 15% detém uma habilitação superior. 

As consequências deste défice de aposta no capital humano estão à vista de todos: encerramento ou deslocalização de empresas; aumento do desemprego na população jovem, de longa duração e de licenciados; baixa produtividade no trabalho e a deterioração das condições financeiras da população.

É assim importante percebermos o montante que o Estado investe na formação de cada aluno, apenas durante o período de escolaridade obrigatória: cerca de 46.688,28 euros por aluno, de acordo com um relatório desenvolvido pelo Tribunal de Contas, feito a pedido do Parlamento. Porém, este investimento em capital humano está a ser claramente desaproveitado, se tivermos em conta o fenómeno designado como “fuga de cérebros” que afeta o país. 

Esta fuga de cérebros corresponde, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a uma taxa de emigração qualificada de 20%, ocupando o país um lugar cimeiro neste tipo de emigração no espaço da União Europeia.

Naturalmente que este fenómeno não decorre apenas da falta de apoios para o ensino superior e para a investigação, mas também da realidade de um país onde o desemprego jovem atinge 36,8%, segundo os últimos dados do Eurostat e ainda, duma taxa de desemprego global de 15,6%.

Contudo, são inúmeros os casos em que Portugal se destaca pela excelência, sustentada em profissionais capazes e devidamente formados. A título de exemplo, destacam-se: a indústria do calçado, que é líder a nível europeu neste setor, fazendo uma aposta forte em designers qualificados; a indústria vitivinícola, onde a adoção de métodos inovadores e o apoio a profissionais cada vez mais qualificados, permite um crescimento nas exportações de vinho de excelência; o setor da cortiça e, por fim, o setor automóvel em que a produtividade da unidade da Autoeuropa, é tida como uma referência no grupo Volkswagen.

Portugal necessita assim de criar um tampão a esta saída dos mais qualificados. O caminho passa por apoiar a investigação e o consequente empreendedorismo que daí possa advir, com a criação de empresas de base tecnológica e inovadora. Mas também é preciso levar a cabo um programa de qualificação de quem integra a força do trabalho nacional, criando ferramentas para que estes trabalhadores se possam tornar mais qualificados e ainda, disponibilizando alternativas, através de processos de reconversão profissional.



Publicado/editado: 23/01/2014