Segmentos por Carolina Santos

Eixos de Opinião fevereiro de 2014


                     


Segmentos ou momentos de uma vida deu origem a Segmentos. Procuro, ao longo dos próximos meses, falar sobre alguns dos matemáticos mais importantes da história e fazer com a sua história ou o seu trabalho uma análise do nosso quotidiano, quer nas aplicações, quer no momento particular que a nossa matemática e o seu ensino vive.  Segmentos segue todos os dias 6 de cada mês aqui no clube spm.           


Carolina Santos - Licenciada em Matemática                    



Segmentos por Carolina Santos

Artigo de janeiro de  2014


Título: Arquimedes de Siracusa...


Arquimedes de Siracusa, nascido por volta de 287 a.C. na cidade Siciliana que lhe dá nome nada de muito concreto tem escrito sobre a sua vida. Foi matemático, físico, engenheiro, inventor e astrónomo. A sua mais conhecida invenção consistiu em determinar o volume de um objecto irregular. Foi feita uma coroa para o Rei Hierão II que tinha fornecido ao ferreiro ouro puro para tal. Duvidando da totalidade de ouro usado na sua coroa, o rei pediu a Arquimedes que determinasse se a sua coroa tinha prata. Tratando-se de um objecto de tal importância, não poderia ser derretida. Certo dia, enquanto tomava banho, Arquimedes reflectiu que o nível de água na banheira subia quando ele lá entrava, pelo que a coroa submersa em água iria aumentar no volume de água o seu próprio volume, podendo assim calcular a sua densidade e clarificar a dúvida do rei. Esta veio a ser válida, uma vez que a coroa tinha mesmo prata! O mais curioso nesta história é que Arquimedes ficou tão eufórico com a sua descoberta que saiu nu à rua gritando Eureka, que significa Descobri.

Morreu durante a Segunda Guerra Púnica, quando as forças romanas, ao fim de dois anos, venceram o cerco à cidade de Siracusa. Àcerca da sua morte, sendo que não há relatos precisos, aparecem diversas versões. Há quem diga que contemplava um diagrama matemático quando um soldado lhe ordenou que fosse conhecer o general ao comando das tropas. Com a sua recusa o soldado tê-lo-á matado com a sua espada. Uma outra versão sugere que poderá ter morrido enquanto se rendia a um soldado, Certo parece ser que o tal general, Marco Cláudio Marcelo, terá ficado furioso com a sua morte, uma vez que se tratava de uma valiosa posse científica.

A propósito de mortes mal esclarecidas, deixo aqui a minha opinião em relação à praxe académica, que tem estado estes dias em destaque devido às causas ainda não determinadas da trágica morte dos seis jovens estudantes na praia do Meco, à qual, como se sabe, apenas sobreviveu um, teoricamente o que os estaria a praxar.
Frequentei a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde me licenciei em Matemática. No dia em que me fui inscrever, fui amavelmente recebida pelos meus praxistas que me perguntaram se eu queria participar na praxe. Claro que não sabia exactamente o que me esperava, mas acordei em juntar-me a eles e logo ver como correria. Certo é que da totalidade de colocados no nosso curso nesse ano, apenas um dos colegas não quis participar. 

Tenho da minha praxe as melhores recordações. Conheci os meus novos colegas, fiz grandes amigos, diverti-me imenso, vivi momentos inesquecíveis. Cantámos a canção da Olá nas escadas do McDonald s da Praça da Liberdade, fizemos um presépio humano em movimento desde o edifício da faculdade até à rua de Cedofeita, onde se deu o nascimento do Menino Jesus, simulamos o fim do mundo na Praça Carlos Alberto, entre muita outras aventuras.

A praxe faz todo o sentido, quando gerida com bom senso e respeito da parte dos praxistas. Na minha opinião, deve ser aplicada nestes termos para que os caloiros se conheçam mais rapidamente e passem juntos os primeiros momentos da sua vida académica. Caso contrário, não faz sentido nenhum. Tive tanta sorte que uns anos depois resolvi voltar a ser caloira... infiltrada.

Publicado/editado: 08/02/2014