Título: O Contacto...
1ª Parte por José Carlos Santos - Dia 1
O casal entrou no restaurante Marítimo. Tinham ambos ar de ter pouco mais de trinta anos e estavam vestidos de maneira elegante e sóbria, a condizer com o local. Ele dirigiu-se a um empregado e disse que tinha uma mesa reservada em nome de David Ferreira. A mesa era para quatro pessoas e o empregado comentou que talvez preferissem uma só com dois lugares.
— Não. — disse David Ferreira — Ainda estamos à espera de outra pessoa. Pode trazer-nos água, por favor?
Assim que o empregado se afastou, cruzaram os olhares e ela disse:
— Acho este local muito bem escolhido. Foi ideia sua?
— Não, foi ideia do nosso contacto. Passei por aqui ontem a ver como era. Também achei bem e, por isso, concordei que o nosso encontro fosse aqui.
— A hora marcada é daqui a dez minutos. Espero que ele não se atrase.
— Clarou que não! — disse David — Ele já tem prática e sabe que darmos nas vistas é um erro grave.
Mas ao fim de dez minutos ele continuava por aparecer. E ao fim de meia hora. E ao fim de uma hora.
2ª Parte por Filipe Oliveira- Dia 6
Era a sexta vez que não comparecia. Clara olhou para David com um ar algo perplexo.
- Por que será que ele nos faz isto? - perguntou, revoltada.
À cabeça de David vieram lembranças da primeira falta de comparência. Foi numa pequena adega da cidade de Pisa, em 1457. Estava tudo combinado ao detalhe, como hoje, mas a verdade é que ninguém veio. A vez seguinte, foi em Estocolmo, em 1602, nas minas de Bergslagen. A este sucederam-se encontros falhados em Pádua (1689), Rio de Janeiro (1743), Pequim (1808) e Camberra (1901). A esta lista junta-se agora Lisboa em 2014.
- A situação começa a ser preocupante, Clara, não harmonizamos informação e procedimentos desde o século XII. A partir daqui é difícil prever o que vai acontecer. Por muito que nos custe, tempos de reportar este problema superiormente.
Clara levou à boca um copo com o vinho que entretanto tinha chegado à mesa.
-Que pena terem deixado de fabricar hidromel. Que saudades que tenho, é incompreensível essa bebida ter virtualmente desaparecido...
3ª Parte por José Veiga de Faria - Dia 11
David ligou o computador e abriu o ficheiro binário que o contacto tinha deixado no ano 3000 DC . Tinham decorrido dezenas de anos até que a Organização o conseguisse entender.
O ficheiro só continha linguagem matemática mas tinha-se conseguido perceber a mensagem. O contacto vinha de uma galáxia muito distante (refere que a luz que nos chega dela foi emitida cerca de 500 milhões de anos após o Big Bang) e deixava uma lista de datas e locais para encontros entre os quais um planeta específico na NGC4414.
- Dá a entender que quer trocar dados civilizacionais e resultados científicos, disse Clara. E repare na facilidade com que se desloca no nosso tempo para a frente e para trás…
- Será melhor aprontarmos a nossa “Lusa_Fireball_1640” e partirmos ao encontro deles? Num “highway” favorável atinge, à vontade, um warp 9!
- Querem encomendar já ou ainda esperam, perguntou o empregado enquanto lançava um olhar curioso a um indivíduo com chapéu de abas muito largas, sentado no canto da sala, e cuja cara… Baaaa…parecia uma máscara!!!...
Os olhos do empregado esbugalharam-se quando entreviu o estranho aranhiço que substituía as mãos. Clara reparou e olhou nessa direção. -Estamos feitos…, sussurrou quase sem fala.
4ª Parte Sílvio Gama - Dia 16
5ª Parte por Paulo Correia - Dia 21
6ª Parte por Carlos Marinho - Dia 26
FIM