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Distâncias (quase) infinitamente grandes e distâncias (quase) infinitamente pequenas estão intrinsecamente relacionadas no Universo de que fazemos parte e que aos poucos vamos tentando conhecer melhor. Nesta rubrica escreverei algumas palavras, e números (!), sobre o Universo que vemos quando olhamos para um céu estrelado numa noite límpida. Uma modesta contribuição para ajudar a reflectir sobre a nossa posição no contexto cósmico.
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Transformar a superfície de uma “bola” num plano é uma arte! Melhor dito... é uma ciência. É matemática. Tantas maneiras há para o fazer... É habitual ver a superfície da Terra num planisfério, sendo uma das projeções mais utilizadas para a construção de mapas a projeção de Mercator. Já para representar a esfera celeste num plano é habitual utilizar a projeção estereográfica, como por exemplo nos mapas do céu disponíveis mensalmente, de forma gratuita, em skymaps.
Que tal apresentar toda a esfera celeste num plano, através de um panorama construído com centenas de fotografias do céu noturno, processadas de modo a representar um céu muito escuro observado à vista desarmada e sem o efeito nefasto da poluição luminosa? A imagem que se segue é o resultado...
Crédito: ESO/S. Brunier
Esta imagem foi construída de modo a posicionar o centro da Via Láctea no centro da imagem, com o disco da Galáxia a estender-se na horizontal para ambos os lados, formando uma banda centrada verticalmente.
As extremidades esquerda e direita da imagem representam direções localizadas a 180 graus do centro galáctico, ângulo este medido ao longo do plano galáctico, ou seja, aquelas extremidades são de facto uma única linha na esfera celeste (tal como as extremidades esquerda e direita num planisfério que representa a Terra são o mesmo meridiano, situado a 180 graus do meridiano de referência – em geral o de Greenwich). Dito de outro modo, entre as extremidades verticais da imagem temos um ângulo de 360 graus. Entre as extremidades horizontais da imagem temos um ângulo de 180 graus (-90 graus a +90 graus, medidos respetivamente para baixo e para cima do plano galáctico).
Este planisfério celeste dá-nos uma boa ideia de como vemos o céu se fizermos uma viagem interplanetária dentro do Sistema Solar e, em particular, a distâncias consideráveis do Sol, onde este seria apenas quase mais um ponto luminoso no céu.
Pode explorar esta imagem em alta resolução (6000 por 3000 pixéis) aqui. Se o fizer, note como as estrelas aparecem como objetos alongados nas regiões próximas das extremidades superior e inferior da imagem, por efeito da projeção aplicada.
Maior detalhe e ainda mais informação acerca de regiões específicas do planisfério celeste encontra no portal interativo GigaGalaxy Zoom, acessível clicando aqui.
Boas explorações!