Se e Só Se por José Carlos Pereira

Eixos de Opinião setembro de 2014

               


Nesta coluna pretendo partilhar todos os meses a minha opinião sobre questões relacionadas com a Matemática e com o seu ensino. Os leitores são convidados a comentar, com argumentos a favor ou contra, aliás é esse o objectivo desta coluna: discutir diferentes pontos de vista sobre o tema do artigo (dia 3 de cada mês).


José Carlos da Silva Pereira – Professor de Matemática, autor de livros escolares e responsável pelo site Recursos para Matemática.



Se e Só Se por José Carlos Pereira

Artigo de setembro de 2014       

Clube de Matemática SPM

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Título: Novamente os Exames de Matemática A.

O tema dos exames de Matemática A tem sido recorrente nos meus artigos. Não é de estranhar, é um tema que conduz quase sempre a interessantes discussões, muitas vezes causadas pela polémica que lhe está associada. Este ano não foi excepção. Após cada uma das fases foram muitas as reacções: umas elogiando e outras criticando as provas. Por exemplo, os pareceres da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) congratulavam-se com a adequação de cada uma das provas. Opinião totalmente contrária teve a Associação de Professores de Matemática (APM) que criticou, entre outras coisas, o grau de dificuldade das provas, considerando-o excessivo. 

Todavia, não é sobre estas posições que vou escrever. Podem ler os pareceres da SPM e da APM para formarem a vossa opinião sobre as mesmas.

Na minha opinião, as provas de 2008, 2009 e 2010 foram demasiadamente fáceis, com alguns itens que não deveriam constar de uma prova de exame, que em muitos casos dá acesso ao Ensino Superior. Entre 2011 e 2014 o nível de dificuldades nos exames aumentou progressivamente, atingindo este ano o pico máximo. Alguns itens tinham dificuldade exagerada, como é exemplo o item 1.2. da 2.ª fase, além de ter sérias dúvidas de que esta questão se enquadre plenamente no programa de Matemática A. Considero que existiam muitas outras escolhas de uma equação em C  bastante mais adequadas à prova.

Pergunta o leitor: Não é suposto os exames não serem fáceis e serem exigentes?

A resposta é sim. Os exames não têm de ser fáceis e têm de ser exigentes. Todavia, têm também de ser equilibrados, no sentido em que devem traduzir-se numa nota que corresponda ao que cada aluno sabe. As provas deste ano não favoreciam o cumprimento desse objectivo. Grande parte dos itens das duas provas era de cálculo, trabalhosos e que exigiam grande destreza por parte do aluno. Mesmo na Escolha Múltipla é possível encontrar vários itens deste tipo. Nenhuma das provas continha um problema de Modelação Matemática, algo que é muito trabalhado nas aulas e que é referido no programa como um dos conteúdos importantes. Em suma, o chamado “aluno médio” terá tido muitas dificuldades em realizar a prova, ou as provas, caso tenha ido às duas fases, e em conseguir no exame uma nota correspondente aos seus conhecimentos.

Compreendo que seja difícil construir uma prova de exame equilibrada que avalie convenientemente todo o tipo de alunos. No entanto, o que me parece é que este ano não houve grande esforço nesse sentido. Esperemos que no próximo ano seja diferente.

Os resultados foram maus, apesar de estes não se deverem única e exclusivamente à qualidade das provas de exame. Acredito que também se devem à falta de empenho de muitos dos alunos. Temos de relembrar os nossos alunos que só alcançarão sucesso se trabalharem dedicadamente.

Por último, deixo aqui os textos que escrevi após cada uma das fases, escrevi um pequeno texto com algumas considerações sobre cada um dos exames.

Nota final: 

No artigo de Julho prometi que em Setembro daria a resolução do problema que foi proposto. Como já deram conta, não cumpri essa promessa, uma vez que, depois de toda a tinta que correu, achei pertinente escrever sobre este assunto. Assim, a resolução continua em aberto e se tudo correr como planeado, será feita no artigo de Outubro. Podem ver o problema aqui e enviar a vossa proposta de resolução para jc.dasilvapereira@gmail.com

Publicado/editado: 03/09/2014